Não foi a queda mais longa dos serviços do Facebook — em 2008, foram 24 horas fora do ar, —, mas foi a primeira envolvendo os três aplicativos do império de Mark Zuckerberg na internet, e a mais grave do ponto de vista da disseminação de impacto econômico e do número de pessoas afetadas.
As cerca de seis horas sem Facebook, Instagram e WhatsApp deixaram lições para a empresa, para os reguladores e para os negócios cujo modelo é baseado em redes sociais. A principal é que nenhuma dependência é positiva.
As maiores consequências, claro, são para o futuro do Império Zuck. O mais óbvio, comentado na segunda-feira (4) em comunicação interna do grupo, apontava o dano à imagem de confiabilidade das marcas. Nesta terça-feira (5), mesmo com a normalização dos serviços, muitos usuários pensam em manter um plano B permanente.
No capítulo da regulação, ganha musculatura o processo antitruste que pode ser concluído com a venda do WhatsApp e do Instagram. A ação original que envolvia a Free Trade Commission (FTC) e 48 dos 55 Estados americanos havia sido rejeitada pelo juiz federal James Boasberg em junho, por não apresentar provas suficientes de que o Império Zuck fosse um monopólio.
Como no mesmo mês o presidente Joe Biden nomeou Lina Khan, professora de direito na Columbia Law School, considerada uma crítica implacável do poder das gigantes de tecnologia, como nova presidente do FTC, em agosto, o órgão abriu nova versão do processo contra o Facebook.
Desde então, o Facebook tem apontado como "concorrentes" o TikTok, o LindedIn e até o Twitter que usou para se comunicar no dia de sua queda mais grave. O episódio da segunda-feira (4) teve tamanho alcance que levou alguns desses serviços a instabilidade, o que tende a enfraquecer esse argumento.
Para quem baseia seu modelo de negócios no Face, no Insta e no Zap, como se diz no Brasil, fica a lição de que, se não se pode apostar apenas na relação física com os clientes, também é conveniente diversificar os canais entre diferentes big techs. E, de preferência, ter alternativas às gigantes da tecnologia.