A cadeia dos reajustes nas tarifas de energia está em curto-circuito.
Em depoimento à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (17), o superintendente de gestão tarifária da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Davi Antunes Lima, disse que a previsão inicial de reajuste anual médio para este ano era de 18,75%, mas após oito medidas técnicas adotadas pela agência, a expectativa é que o repasse ao consumidor fique em torno de 9%.
Para o próximo ano, a projeção da Aneel é outro choque: as contas de luz devem subir, em média, 16,68%. Conforme Lima, porém, a antecipação de recursos da privatização da Eletrobras pode reunir R$ 8,5 bilhões e reduzir o reajuste da tarifa cobrada dos consumidores.
Isso tudo depois que a bandeira vermelha 2 sofreu aumento de 52,08% a partir de julho, e só uma intensa pressão sobre o governo livrou os brasileiros de nova elevação em agosto. Caso a hipótese do uso dos recursos da venda da Eletrobras, polêmica porque resultados de privatização não devem ser consumidos como despesa corrente, seja confirmada, a previsão de reajuste "cairia" para 10,73%, mas o isolamento da alta tensão de preços ainda não está garantida.
Além da escassez de chuva, que provoca a necessidade de acionar usinas térmicas, elevando a bandeira vermelha, Lima lembrou que a alta do dólar eleva o custo da geração de Itaipu, uma binacional. Além disso, o IGP-M, índice muito impactado pela variação cambial, regula contratos de 17 distribuidoras.