Com a maior parte dos empresários já à espera do racionamento, o governo Bolsonaro tenta emplacar um programa para evitar o corte compulsório no consumo de energia.
A ideia é inverter a lógica, e antes de obrigar a apagar luzes e aparelhos, dar um incentivo para que empresas e pessoas adotem esse comportamento pela força do estímulo, não da imposição. A grande dúvida é se vai funcionar.
Foi durante um evento em Belo Horizonte, na quinta-feira (12), que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, mencionou a intenção de lançar em 1º de setembro um programa de bonificação com essas características. O objetivo é obter redução de consumo de forma voluntária e incentivada, em vez de obrigatória e punida em caso de descumprimento, como é um racionamento.
O governo Bolsonaro já havia mencionado adotar esse tipo de medida em relação a grandes empresas, que representam a maior pressão por carga no sistema, mas agora o ministro afirmou que os consumidores residenciais também estarão incluídos no plano. No caso das empresas, havia grande expectativa de que fosse possível, ao menos, deslocar do horário de pico parte da produção. As mais visadas são as indústrias eletrointensivas, ou seja, que têm na eletricidade um de seus principais insumos, como siderúrgicas, fabricantes de alumínio, entre outros segmentos.
No entanto, a mesma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostrou que 62% dos empresários consultados consideram o racionamento "certo" ou "provável", indicou também grande dificuldade de adesão ao plano de deslocar a demanda de eletricidade do horário de ponta. Conforme o levantamento, 65% afirmam ser "difícil" ou "muito difícil" mudar o horário de operação. Só com a contribuição dos consumidores residenciais, a conta não fecha.