O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A joalheria gaúcha Fernanda Filippis, de Caxias do Sul, entrou no radar de uma grife global de moda. Uma das referências no segmento, a revista Elle Brasil selecionou a empresa da serra gaúcha para seu projeto na área de negócios de sustentabilidade. Batizado de Movimento Elle, a iniciativa tem o objetivo de beneficiar empresas do setor da moda e destacar práticas sustentáveis.
Realizado entre dezembro do ano passado e fevereiro desde ano, o primeiro ciclo do projeto selecionou 13 marcas de moda do país.
— Trabalhei por muito tempo no varejo de moda e calçadista e queria seguir outro caminho. Entrei no mundo da joalheria, mas o objetivo inicial era fazer bolsas com couro reciclável. Por isso, fiz um curso para fabricar os metais das bolsas e acabei me apaixonando pela matéria-prima — afirma Fernanda.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi responsável por prospectar, em todas as regiões do país, empresas para participar do projeto. Ao todo, foram consultadas cerca de 800 empresas. Fernanda conta que recebeu com surpresa o convite:
— Foi uma surpresa porque como um negócio, eu ainda me vejo pequena, apesar de me sentir gigante quando o assunto é sustentabilidade. A marca não faz apenas 'marketing verde', estamos verdadeiramente comprometidos com a causa.
Além do Sebrae, os empreendedores puderam trocar experiências e realizar mentorias com representantes do Banco Santander e das empresas Fiat, L'oreal, Cia Hering e Inova Bussines. Ao final do ciclo, as marcas apresentaram projetos que pretendem implementar em seus negócios.
Segundo Fernanda, por influência do movimento, o próximo passo da marca é realizar parcerias com empresas que descartam lixo eletrônico para transformar os equipamentos em matéria-prima para as peças.
Conselheira do movimento e nome à frente da gestão de sustentabilidade da revista, Larissa Ortiz pontua que é fundamental incluir as micros e pequenas empresas no debate sobre práticas sustentáveis.
—Precisamos de todos, não pode ser só uma empresa ou outra. Quando o assunto é sustentabilidade, muitas vezes, esses processos estão nas mãos de grandes empresas, mas no Brasil cerca de 90% dos negócios são micro ou pequenos. Como alcançar uma meta global discutindo apenas com um pequeno grupo? É necessário olhar para o todo e fazer com o que o grande empresário ajude o pequeno — afirma.
* Colaborou Camila Silva