Em setembro do ano passado, quando a usina térmica a gás de Uruguaiana, inaugurada em 2001, foi vendida para a argentina Saesa, a coluna projetou que seria o final feliz de mais uma longa novela gaúcha.
Apesar da expectativa, e mesmo com uma grande unidade de geração disponível e toda a boa-vontade do Ministério de Minas de Energia para colocar a funcionar até usinas não contratadas, essa gigante com potência instalada de 640 megawatts (MW) – capaz de abastecer sozinha uma cidade do porte de Caxias do Sul – segue inerte.
No desespero – com o qual a coluna se identifica – para encontrar geração extra e evitar medidas drásticas de economia de energia, a unidade poderia ser um bom reforço. A instalação de unidades geradoras exige muito tempo, em média de três a seis anos. Como o problema da falta de água nos reservatórios das hidrelétricas é crítico nos próximos meses, essa "caça às usinas" é uma das poucas alternativas do ponto de vista de aumento de oferta de eletricidade.
Como disse à coluna Eberson Silveira, diretor do Departamento de Energia da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a UTE Uruguaiana continua sem operar por falta de gás natural:
– Nesta época, aumenta ainda mais a indisponibilidade do combustível, como resultado da necessidade de uso desse energético pelo mercado argentino, uma vez que a demanda interna cresce em decorrência da chegada do inverno.
Foi o que deixou claro, na época da compra, o presidente da Saesa, Juan Bosch. À coluna, ele disse que o plano era colocar a usina em operação entre seis e nove meses por ano, fora do período de inverno, quando há escassez de gás para calefação na Argentina e falta água para gerar energia em hidrelétricas no Brasil.