O auxílio emergencial atrasou e minguou, a extensão dos programas de sustentação do emprego demoraram, e a nova rodada de apoio ao crédito para pequenas e microempresas ainda não voltou para apoiar os negócios que mais enfrentam dificuldades.
Depois de protagonizar a queda de braço com a equipe econômica por um naco maior do orçamento — as emendas parlamentares subiram de R$ 26 bilhões para R$ 37 bilhões depois do acordo que relativizou o teto de gastos — , o Congresso adiou ainda mais a espera por socorro pela via do financiamento.
É verdade que há um fator positivo: os parlamentares estão apoiando o cumprimento da promessa do governo de tornar o permanente programa que mais ajudou as pequenas empresas durante a pandemia. Mas socorro atrasado não salva negócios. Se chegar tarde, pode ser tarde demais.
No ano passado, o Pronampe liberou R$ 37,5 bilhões, com juros abaixo do mercado e oito meses de carência, ou seja, prazo para começar a pagar o empréstimo. Neste ano, o Ministério da Economia acena com R$ 5 bilhões, e o Congresso, que garantiu R$ 37 bilhões em emendas, pressiona para chegar a R$ 10 bilhões. Parece confirmar o velho ditado de que de boas intenções, o inferno está cheio.
Depois de receber do Senado o projeto que torna o programa permanente, a Câmara fez modificações que obrigam a volta a outra casa legislativa. Ou seja, com muitos negócios em dificuldade devido à nova e severa onda de contágio, com a consequente necessidade de restrições, ainda será preciso esperar pela nova votação no Senado, pela sanção presidencial, pela reativação do programa, que leva ao menos 10 dias, e pela reorganização dos bancos para voltar a liberar o crédito, entre duas e três semanas. No fim da conta, é possível que não haja Pronampe disponível até julho.
E quando voltar, não será nas bases que o transformaram em um dos mais bem-sucedidos programas de apoio à economia sob pandemia. O juro, que era de 1,25% mais a Selic (na época 2% ao ano), poderá chegar a 6% mais Selic (agora de 3,5% ao ano). De fato, de boas intenções, o Brasil está cheio.