Mesmo sob temor de uma terceira onda de pandemia, a bolsa de valores brasileira (B3) alcançou seu recorde histórico em número de pontos.
Nesta sexta-feira (28), o Ibovespa fechou em 125.561 pontos, passando o patamar máximo anterior de 125.076 atingido em 8 de janeiro passado.
Embora mercado financeiro e economia real sigam lógicas diferentes, não é por acaso que o novo recorde é alcançado quando economistas fazer revisões para cima nas projeções de crescimento econômico neste ano. Como a coluna informou, já existem estimativas de alta no PIB de até 5%. Depois dessa projeção de Cristiano Oliveira, do Banco Fibra, o Itaú Unibanco também mudou sua projeção para 5%, afirmando inclusive que o impacto de uma eventual terceira onda deve ser "moderado".
O que mudou a percepção sobre a economia foi o desempenho no primeiro trimestre. Até há pouco, as estimativas eram de um encolhimento no período, mas o desempenho dos principais setores, especialmente o comércio, foi considerado surpreendente. O Itaú, por exemplo, revisou sua estimativa sobre o PIB do segundo trimestre de leve recuo de 0,1% para expansão de 0,6%. Segundo o núcleo de análise macroeconômica, a normalização na taxa de poupança das famílias, o crescimento expressivo da economia global, com alta de preços de commodities, e o ciclo de estoques no setor industrial sustentam a retomada.
Mas como o foco da bolsa é o curtíssimo prazo, a sexta-feira (28) também foi dia de alívio em um tema que vem funcionando como a nova montanha russa do mercado: a inflação nos Estados Unidos. Como há manifestações diárias sobre o risco de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) interromper a política de estímulo monetário ou até vir a elevar juros antes do esperado, o humor melhora ou piora ao sabor da visão predominante no momento. E a Petrobras, que tem grande peso no índice, ajudou: subiu 5,78%, depois de ter compra recomendada pelo JP Morgan.
O recorde ocorre no dia em que órgãos do governo acionaram alerta de emergência hídrica de junho a setembro em cinco Estados: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. É a primeira vez que isso ocorre no Brasil. O temor de apagão vinha crescendo na medida em que os reservatórios das hidrelétricas encolhiam, e agora virou tema central do debate econômico. No sistema integrado de abastecimento de energia elétrica, Sudeste e Centro-Oeste ficam na mesma região, onde se concentram as maiores usinas.