Em maio deste ano, Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, foi um dos primeiros a prever alta de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Na época, a estimativa mediana (mais frequente) no relatório Focus do Banco Central era de 3,52%.
Nesta terça-feira (16), Oliveira avisou a coluna que revisou a projeção para 2022 de 0,8% a quase invisíveis 0,2%, enquanto o Focus ainda espera avanço 0,93%. Um dos motivos foi a retração de 0,14% no Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do terceiro trimestre.
Mas há mais motivos, pondera o economista. Avalia que a demanda interna deve ser impactada, nos próximos trimestres, pela elevação da taxa Selic e pelo dólar valorizado ante o real, além da alta nos juros futuros, que afeta a contratação de empréstimos por empresas. Além disso, antevê baixo crescimento da massa salarial real, como resultado da alta taxa de inflação.
Essas condições, argumenta, deve representar manutenção ou até leve baixa no consumo das famílias e nos investimentos, os dois mais poderosos motores do PIB. Nas contas de Oliveira, aparece também o que ele chama de "abandono da Lei de Teto de Gastos", por aumentar as incertezas sobre a trajetória das contas públicas. A quebra da regra do teto havia feito o Itaú Unibanco projetar queda de 0,5% no PIB de 2022.
Para o PIB do terceiro trimestre, que o IBGE vai informar no dia 2 dezembro, o economista prevê variação entre -0,1% e 0,2% em linha com o IBC-Br. E projeta o mesmo no quarto trimestre, o que deve fazer com que o crescimento da atividade em 2021 fique perto de 4,8%, sem chegar nem aos 5% que ele mesmo havia estimado.
Ou seja, o ano com maior crescimento do PIB desde 2010 pode acabar em recessão técnica dois trimestre seguidos com sinal negativo. E Oliveira lembrou á coluna que, em maio, ao estimar alta forte neste ano, ele já havia advertido que o segundo semestre seria de crescimento "supermedíocre". Será só um pouco pior.