Na tensa assembleia-geral extraordinária que confirmou Joaquim Silva e Luna no conselho de administração da Petrobras — primeiro passo para chegar à presidência da estatal —, na segunda-feira (12), apenas um representante de minoritários foi eleito.
Além dos sete indicados pela União, ou seja, comprometidos com o governo federal, só Marcelo Gasparino obteve número suficiente de votos de acionistas para obter uma das oito vagas em disputa por 12 indicados. Em contato com a coluna nesta terça-feira (13), confirmou:
— Vou assumir e renunciar, para que uma nova eleição, mais justa, ocorra.
Antes da assembleia-geral, a coluna havia conversado com Gasparino. Além de já estar no conselho fiscal da Petrobras, é presidente do conselho de administração da Eternit e integra os colegiados da Vale e da Cemig. O profissional havia deixado claro que sua missão, caso fosse confirmado no conselho, seria barrar "o uso da estatal para política de governo", conforme previsto na Lei das Estatais.
Antes da assembleia, Gasparino havia afirmado que, se fosse eleito, renunciaria para provocar uma nova eleição para o conselho. Pelas regras da estatal, como todos os conselheiros eleitos são considerados um só bloco, a renúncia de apenas um provoca a necessidade de nova escolha para as demais vagas. Foi assim com Roberto Castello Branco que, além de presidente executivo, era integrante do conselho. Sua destituição, pelo presidente Jair Bolsonaro, determinou a necessidade da assembleia para escolher um novo colegiado.
Gasparino chegou a pedir a suspensão da AGE pelo que considerou uma irregularidade: diferenças de redação nos boletins de voto à distância disponibilizados em inglês e em português. Caso a composição definida na segunda-feira seja confirmada, só haverá três conselheiros independentes no grupo de 11. Nesta terça-feira (11), a Ativa Investimentos enviou comunicado ao mercado em que considera a eleição de apenas um representante dos minoritários um "fato negativo à pluralidade da Petrobras".