Assunto que não sai do radar do mercado financeiro, a solução do impasse no orçamento da União foi um dos principais assuntos de uma live realizada na tarde desta segunda-feira (5) com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Delicadamente pressionado a definir um prazo, Guedes afirmou que a data final para manifestação presidencial é 22 de abril, mas pode ocorrer "bem antes". No entanto, não se comprometeu com qualquer data específica.
Na tentativa de justificar a ausência de sanção, veto ou outra medida de correção do orçamento, que foi aprovado com previsão de despesas muito abaixo das obrigatórias para abrir espaço para emendas parlamentares, Guedes argumentou:
— O orçamento é uma peça de 5 mil páginas. A base parlamentar está conversando com o governo. O 'barulho' é sobre uma briga de como fazer, mas estamos todos focados em como corrigir eventuais equívocos.
No final de semana, Guedes foi alvo de especulações sobre a permanência no cargo. Também voltaram discussões sobre a divisão do Ministério da Economia, com a recriação da pasta de Planejamento, que ocorrem sempre que o "Posto Ipiranga" fica com pouco combustível.
Desta vez, o ministro atribuiu ao Tribunal de Contas da União (TCU), que fiscaliza o orçamento, a qualificação de "inexequível" à peça aprovada no dia 25 de março no Congresso. Fez questão de distribuir a responsabilidade dos "erros" entre o Congresso e o governo, inclusive à equipe econômica.
Um dos participantes da live era Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos e ex-diretor de programas na Secretaria Especial de Fazenda do ministério, um dos primeiros integrantes da equipe de Guedes a "debandar". Ele quis saber qual era a chance de "apertar o botão da calamidade", quer dizer, fazer um orçamento sem qualquer compromisso com regras, como foi o de 2020 devido à pandemia.
Guedes disse que, do ponto de vista do aumento da dívida pública, é melhor aprovar créditos extraordinários de R$ 44 bilhões — que vão financiar a versão enxuta do auxílio emergencial — do que "abrir as torneiras" sem controle. Indagado sobre a chance de o Congresso aprovar temas não relacionados à pandemia, o ministro afirmou, sobre a reforma administrativa:
— Dá para aprovar em duas, três semanas. Quanto mais para a frente ficar, mais dura vai ser.