O balanço de passivos na relação entre Jair Bolsonaro e a elite econômica do país chegou a um nível que assessores do presidente buscam um contato mais próximo com empresários para atenuar o desgaste.
Do pé na porta da Petrobras à rebelião na troca na presidência do Banco do Brasil, passando por erros considerados "grosseiros" no combate à pandemia e chegando à reviravolta nas Forças Armadas de duas semanas atrás, a relação entre Bolsonaro e um dos seus grupos de apoio mais relevantes balança como nunca antes.
O caminho para a reaproximação passa por um jantar previsto para quarta-feira (7) em São Paulo. O que se sabe é que a iniciativa teria partido do ministro das Comunicações, Fábio Faria, inspirado em evento semelhante, duas semanas antes, com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Entre os convidados, estão empresários considerados bolsonaristas de primeira hora, como Rubens Ometto, da Cosan/Raízen, mas também nomes menos alinhados ao presidente, como Flávio Rocha, da Riachuelo, que chegou a ensaiar uma pré-candidatura à Presidência em 2018, André Esteves, do banco BTG Pactual, e Luiz Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco que, por sua relação próxima com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a ser apontado recentemente como um possível "Posto Ipiranga de Lula". Ou seja, seria cotado para a área econômica em um eventual governo do petista.
Em entrevista à CNN na noite de segunda-feira (5), em tese para comentar os leilões previstos para esta semana, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, acabou comentando o encontro, para o qual está convidado, assim como o colega Paulo Guedes, da Economia.
Tarcísio admitiu que o jantar será uma oportunidade para "ouvir críticas" que demandem alguma "correção de rumos". O ministro é um dos mais admirados pelo empresariado na Esplanada, atualmente até mais do que Guedes. Segundo Tarcísio, a maior preocupação dos investidores é com a solvência do país, medida pelo peso da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que deve ultrapassar 90% em 2021.
— Vão exigir que sejamos melhores alunos daqui para frente. E estamos tentando mostrar que sim, teremos controle da trajetória dessa dívida — disse à CNN.
A coluna tentou verificar se algum empresário gaúcho participa do jantar, mas até agora obteve retorno negativo.