Até agora, a demissão do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, era considerada um episódio menor do que a interferência presidencial na Petrobras.
O principal motivo era a permanência de Hélio Magalhães na presidência do conselho de administração do banco público de varejo. Ex-presidente do Citibank no Brasil, Magalhães é respeitado nos círculos empresariais.
No entanto, Magalhães renunciou ao cargo, na quinta-feira (1º), depois do fechamento do mercado, batendo a porta. Em carta ao conselho que se tornou pública, disse ter saído "em razão do reiterado descaso com o que o acionista majoritário vem tratando não apenas esta prestigiada instituição, mas também outras importantes estatais de capital aberto e seus principais administradores".
Magalhães criticou ainda a definição do substituto de Brandão, Fausto de Andrade Ribeiro, presidente da BB Administradora de Consórcios. O executivo lamentou que o processo de escolha não tenha passado pelo conselho, como seria usual: "simplesmente não considera o desejável crivo deste conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e contrária às melhores práticas de governança em nível global".
Também anunciou sua saída do colegiado o conselheiro independente José Guimarães Monforte, indicado pela União. Monforte já havia renunciado à presidência do conselho da Eletrobras alegando motivos pessoais. Ao sair do Banco do Brasil, porém, fez questão de observar que deparou com "restrição inaceitável a atos da administração" e "retrocesso na governança das estatais".
Como as cartas foram conhecidas depois do fechamento do mercado na quinta-feira, devem influenciar o humor dos investidores, que já não anda bom, na segunda-feira. Na quinta, apesar do otimismo nas bolsas do Exterior com o novo pacote de infraestrutura dos Estados Unidos, de US$ 2 trilhões (mais do que todo o PIB do Brasil), a bolsa caiu 1,18% e o dólar subiu 1,54% com inquietações sobre o impasse no orçamento da União.