Tudo indica que, agora, vai. A Braskem está outra vez no mercado, depois de já ter sido quase vendida. Em 2019, chegou a ser anunciada a negociação com a LyondellBasell, que desistiu por não ter sido informada sobre um risco na operação.
A Novonor, novo nome da Odebrecht, voltou a ofertar sua fatia na empresa ainda no ano passado. Mas a alta de 5,6% da Braskem na bolsa de valores na segunda-feira (19), atribuída ao interesse de compradores, indica que tratativas avançam. Como resultado, o valor de mercado da Braskem chegou a R$ 40 bilhões.
Em nota ao mercado, a ex-Odebrecht já confirmou o movimento: "O grupo vem dando continuidade ao processo de venda da Braskem, através do diálogo com potenciais interessados na aquisição de sua participação de 38,3% no capital total (50,1% do capital votante) da companhia".
No Estado, a Braskem é dona da maior parte do polo petroquímico de Triunfo. Estão fora de seu guarda-chuva apenas Innova, Oxiteno e Arlanxeo.
Uma dessas empresas dá origem a uma tese que circula no mercado: como a Braskem é considerada "too big to buy", ou seja, muito grande para ser comprada por apenas uma companhia, poderia ser fatiada. Nesse caso, suas instalações mais modernas, que são as do Rio Grande do Sul, poderiam ser integradas à Ultrapar, dona da Oxiteno e, não por acaso, a companhia com a qual a Petrobras negocia a Refinaria Alberto Pasqualini, também controladora da rede de postos Ipiranga.
A integração da refinaria com o polo de Triunfo é uma das premissas de sua criação, porque a nafta, derivado de petróleo produzido em Canoas, é a principal matéria-prima do complexo, que passa necessariamente pela Braskem para chegar às outras três unidades independentes. Seria também uma solução para a sócia da ex-Odebrecht, a Petrobras, que tem 36,1% do capital total e 47% do votante da Braskem.
Conforme informações de mercado, o objetivo da controladora é vender tudo para um só comprador, ou seja, não deseja venda fatiada, muito mais complexa e demorada. Mas como esse desinvestimento é compromisso assumido pela ex-Odebrecht em seu plano de recuperação judicial, pode não haver alternativa.
Entre os potenciais interessados, são citados fundos de investimento como Advent, Apollo, Blackstone e Mubadala (o fundo soberano de Abu Dhabi, que acabou de comprar a refinaria da Petrobras na Bahia, a primeira privatizada), Apollo e Advent e gigantes do setor petroquímico como a própria LyondellBasell, Dow, Formosa Plastics, Sabic e Total. Um dos interesses da LyondellBasell seriam os ativos da Braskem fora do Brasil.
A venda foi preparada com cuidado, com a Braskem assumindo suas responsabilidades na indenização dos moradores de Alagoas que enfrentaram desmoronamento de área onde é realizada a mineração de sal-gema. A companhia também foi beneficiada pelo aumento no consumo de matérias-primas plásticas, um dos "efeitos fique em casa", e pelo interesse em sua resina produzida com etanol de cana-de-açúcar. Como só é feita no Rio Grande do Sul, foi alvo de investimento de US$ 61 milhões na expansão de capacidade.
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