Depois da divulgação do balanço do segundo trimestre, com prejuízo de R$ 2,48 bilhões e acúmulo de R$ 6 bihões de perdas no semestre, a Braskem foi oficialmente colocada à venda por sua controladora, a Odebrecht.
A gigante petroquímica é dona da maior parte do polo petroquímico gaúcho, em Triunfo, uma das maiores operações industriais do Estado. A nova tentativa de passar o controle foi anunciada oficialmente na madrugada de sábado, em nota, pela própria empresa (leia íntegra abaixo).
Fora da Braskem, só existem no complexo a Innova, a Arlanxeo e a Oxiteno. Mas a gigante comanda a central de produtos básicos e quatro grandes unidades, enquanto os demais negócios são menores. Nascida no Brasil, a petroquímica se tornou multinacional, com unidades de produção na Europa, no México e nos Estados Unidos. Também é dona de outras três centrais petroquímicas, na Bahia, no Rio e em São Paulo.
Em julho, a retomada do negócioa voltou ao radar depois que Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, mencionou a intenção de revisar o acordo de acionistas, que estabelece condições para a venda da fatia dos sócios. A Petrobras é considerada "sócia relevante" da Braskem, porque tem um percentual muito semelhante de ações, embora as decisões sejam da Odebrecht (veja quadro abaixo). Outro gatilho para a decisão foi a aprovação do multibilionário pedido de recuperação judicial da Odebrecht, no final de julho, que depende da entrada de recursos para ser viável.
A Odebrecht contratou o Morgan Stanley, banco que assessora grande negócios, para conduzir o processo. O mercado aposta em uma venda pulverizada, para investidores, não para um concorrente global, como ocorreu na primeira tentativa. João Luiz Zuñeda, diretor da MaxiQuim, avalia que é um negócio com potencial para mudar o cenário do Rio Grande do Sul, aliado à venda da Refap, que foi travada pela pandemia mas deve ser retomada em breve:
– Vai mudar o perfil da indústria química no Estado.
Conforme Zuñeda, a nova tentativa estava sendo preparada. com o fechamento, em julho, do contrato de abastecimento de nafta, principal matéria-prima da Braskem, fornecida pela Petrobras. O próximo passo é o contrato de governança.
– O que a Petrobras quer é uma venda a mercado, e é inteligente. É difícil que uma grande empresa do setor, como a LyondellBasell, queira comprar agora. Todas precisam de caixa e têm novos projetos par concluir. Só se fosse uma barbada, o que nenhum dos sócios vai querer. Com juro baixo e dólar valorizado no Brasil, e um monte de dinheiro querendo ir para algum lugar, o mais provável é uma oferta em bolsa, para fazer uma corporation (empresa sem controle definido), como a Renner, ou para um fundo de investimentos americano, chinês ou saudita. Apesar dos problemas, a Braskem é uma baita empresa – afirma o especialista.
As dona da Braskem
Empresa Capital total Capital votante (percentual das ações com direito a voto)
Odebrecht 38,3% 50,1%
Petrobras 36,1% 47%
A íntegra da nota
FATO RELEVANTE
São Paulo, 07 de agosto de 2020 - A Braskem S.A. ("Braskem" ou "Companhia"), em atendimento ao disposto na Instrução CVM nº 358/02, vem comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral que recebeu, nesta data, correspondência enviada por sua acionista controladora, Odebrecht S.A ("ODB"), informando que, em cumprimento a compromissos assumidos com credores concursais e extraconcursais, a ODB deu início aos atos preparatórios para estruturar um processo de alienação privada de até a totalidade da participação de sua titularidade na Companhia, mediante adoção das providências necessárias para organizar um processo dessa natureza, com o apoio de assessores legais e financeiros. A Companhia manterá seus acionistas e o mercado informados dos desdobramentos relevantes desse processo, na forma da Instrução CVM nº 358/02, conforme eventuais novas informações de que venha a ser comunicada na medida em que constituam fato relevante.
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