O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Após impasse durante a pandemia, o processo de venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, teve avanço. Na noite de terça-feira (19), a Petrobras informou que recebeu proposta da Ultrapar pela unidade gaúcha. A estatal acrescentou que está em negociação com a empresa para efetuar a venda.
O negócio faz parte de plano da Petrobras para se desfazer de ativos na área de refino, enquanto busca se concentrar na exploração do pré-sal. Na Região Sul, a companhia também recebeu propostas para vender a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.
A Ultrapar (ou Grupo Ultra), que confirmou o interesse pela Refap, controla outra marca conhecida dos gaúchos: a rede de postos de combustíveis Ipiranga.
Na visão de João Luiz Zuñeda, sócio-fundador da consultoria MaxiQuim, o apetite pela refinaria de Canoas pode ser explicado pela chance de a empresa "integrar" seu portfólio de negócios. A possível compra da Refap também pode gerar ganhos de logística para a Ultrapar, completa o analista.
Em comunicado direcionado ao mercado, a dona da Ipiranga deu esses indicativos. "A potencial aquisição da Refap fortalecerá a posição da Ultrapar no setor, contribuindo para um portfólio de negócios mais complementar e sinérgico, com maior eficiência, potencial de geração de valor para toda a cadeia e benefícios para os consumidores", disse o grupo no fato relevante.
— É uma aposta no atual modelo de combustíveis. O mundo está mudando com a chegada dos carros elétricos, mas essa transformação deve demorar um pouco mais para acontecer no Brasil por vários motivos. Com a compra da Refap, a empresa ganha em logística. Isso é muito importante, tem valor grande — avalia Zuñeda.
Além da Ipiranga, a Ultrapar controla a Oxiteno, com unidade no polo petroquímico de Triunfo, e tem cerca de um terço da Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR), em Rio Grande. Ainda é dona da Ultragaz, da Ultracargo e da Extrafarma.
A venda de refinarias da Petrobras havia sido travada pela chegada do coronavírus no ano passado. O processo foi retomado na reta final de 2020.