O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Depois de amargar tombo nos negócios, um dos ramos mais tradicionais da indústria gaúcha espera melhora em 2021. Trata-se do setor calçadista, atingido em cheio pela pandemia. Em 2021, a produção nacional deve subir 14,1%, para 811 milhões de pares. A estimativa foi apresentada nesta quarta-feira (13) pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com sede em Novo Hamburgo.
Se confirmada, a projeção representará recuperação parcial das perdas geradas pela covid-19. Em 2020, a queda estimada é de 21,8%, para 710 milhões de pares, pior desempenho em 16 anos.
A Abicalçados não divulgou previsão com recorte estadual. Entretanto, o cenário para o Rio Grande do Sul, principal produtor do país, é similar, pontua Haroldo Ferreira, presidente-executivo da entidade. No acumulado de 2020, até outubro, o setor teve queda de 27,6% no Estado.
À coluna, Ferreira sublinha que a piora da pandemia é um risco para o desempenho das fábricas no início deste ano. Por isso, chama atenção para a necessidade de o país avançar no processo de vacinação contra a covid-19.
— Não interessa a vacina, CoronaVac ou AstraZeneca, o simples fato de começar a imunização deve reduzir as internações nos hospitais e melhorar o lado psicológico em relação à pandemia. Além do coronavírus, outro problema que precisa ser atacado é o do Custo Brasil. Não é o principal, mas esse é um dos fatores que fizeram a Ford fechar fábricas. Então, as reformas estruturantes são o tema de casa que o país precisa fazer — diz Ferreira.
Em 2020, as exportações de calçados brasileiros desabaram 18,6%, para 94 milhões de pares, pior resultado em 37 anos. Em 2021, a projeção é de que os embarques subam 14,9%, para 108 milhões de pares.
Em novembro, último dado disponível, o setor empregava 255 mil pessoas no Brasil. O número é 13% inferior a igual período de 2019. No Rio Grande do Sul, havia 77,6 mil postos de trabalho — quantia 13,6% menor do que no mesmo intervalo de 2019.