A concessão do aeroporto Salgado Filho para a Fraport inclui uma área de cerca de 140 mil metros quadrados que não é ocupada pela atividade essencial de embarcar e desembarcar passageiros e carga.
É nesse espaço com localização estratégica que a empresa alemã quer criar uma espécie de condomínio de empresas, desde as que tem foco em logística até as que precisam de grandes superfícies, como megastores.
Conforme Sabine Trenk, diretora de operações da Fraport, nos últimos anos a questão imobiliária passou a ser fundamental no desenvolvimento dos aeroportos.
– Em Porto Alegre, há uma localização bem conhecida, na principal porta de entrada da cidade, com acesso a três avenidas importantes – pondera.
Diferentemente do hotel que a Fraport pretende construir ao lado do terminal de passageiros, essas áreas não terão uma disputa específica, no método chamado de Request for Proposal (RFP). Sabine afirma que a empresa já está aberta para negociar cessões de áreas para diferentes tipos de negócio.
Conforme a executiva, há possibilidades distintas. Uma, com acesso à pista, é adequada a centros de distribuição e outras atividades de logística. A mais próxima à Avenida Severo Dullius, onde será construído o novo terminal de carga (Teca) do Salgado Filho, permite a instalação de hangares e e empresas de manutenção de aeronaves, além de operações logísticas. No entorno da Avenida Sertório, que tem grande fluxo de serviços, haveria potencial para negócios que precisem de mais espaço, como operações de varejo e serviços, como revendas de automóveis, um segmento que já existe nas imediações.
– Fizemos um RFP para o hotel por ser um projeto bem específico, mas para as demais áreas, qualquer interessado em fazer negócio pode entrar em contato que abrimos uma negociação direta – diz Sabine.
A Fraport enfrenta uma fase de baixa no transporte de passageiros, com voos internacionais ainda não retomados, em decorrência da pandemia. Essa situção já provocou até revisão nos prazos de pagamento de suas obrigações com a concessão. Conforme Sabine, o transporte de carga apresenta boa recuperação, inclusive de equipamentos médicos, mas ainda está longe da normalização.
– A expectativa é de que a vacina vá mudar esse cenário. Mas entre estar pronta e vacinar a todos no Brasil vai levar bastante tempo e exigir uma operação logística enorme. Vai ajudar a voltar ao normal, mas não do dia para a noite – avalia a executiva.