A explosão de consumo de produtos para casa, associada ao desequilíbrio no abastecimento provocado por paradas ao longo da quarentena, faz com que 68% das indústrias brasileiras enfrentem dificuldades para obter no país insumos e matérias-primas, conforme pesquisa divulgada nesta sexta-feira (23) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Como já relataram várias empresas gaúchas, faltam insumos como papelão, usado nas embalagens dos produtos, aço, resina plástica e até tecido para revestimento de móveis.
Conforme o levantamento da CNI, mais da metade das empresas avalia que o problema só se resolverá no próximo ano. Como resultado da escassez de insumos, 44% das empresas têm problemas para atender clientes. E oito em cada 10 perceberam alta no preço de matérias-primas. Nas empresas de pequeno porte, a situação é ainda mais grave: 70% foram afetadas pela falta de insumos.
O estudo aponta ainda que 56% das empresas que utilizam insumos importados também têm dificuldade para adquiri-los no mercado internacional. Como Getulio Fonseca, diretor da PerfilLine Componentes Metálicos relatou à coluna há mais de um mês, a escassez está associada ao aumento de preços. Na pesquisa, 82% indicaram elevações, dos quais 31% veem "alta acentuada".
A reação de alguns setores em velocidade acima da esperada é outra causa apontada pela CNI como causa do descompasso entre a oferta e a procura de insumos. Nos preços, o principal motivo de pressão é a forte desvalorização do real. A pesquisa teve participação de 1.855 empresas entre 1º e 14 de outubro, em 27 setores das indústrias de transformação e extrativa.