A explosão de consumo de produtos para casa surpreendeu a Sanremo, de Esteio. A fabricante de potes, caixas de organização e lixeiras, entre outras utilidades domésticas, teve aumento de cerca de 30% nas vendas em relação ao início da pandemia.
Segundo Eduardo Ignácio, diretor-geral da empresa, o aumento da demanda começou no final de maio, depois de uma queda brusca em abril, e vem se acentuando desde então.
– Como muitos consumidores estão há muito tempo em home office, o lar passou a ter prioridade. Houve mudança no perfil, com mais procura por produtos relacionados a limpeza e organização. Estamos vendendo organizadores, lixeiras, baldes e borrifadores, usados na higienização de produtos em casa. Estamos chegando a patamares superiores aos que tínhamos antes da pandemia – relata o executivo.
No outro lado do processo, Ignácio confirma a falta de matéria-prima. O maior problema é com papelão, usado nas embalagens dos produtos, mas também há dificuldade na obtenção de resina plástica, principal matéria-prima da indústria. Segundo o executivo, como a empresa tem 50 anos e operação bem estruturada, vem conseguindo contornar, mas o prazo para entrega à empresa aumentou:
– Demora um pouco mais a chegar e não atende a toda demanda que temos.
No caso do papelão, a causa da escassez é o crescimento do e-commerce e das telentregas de alimentação, que exigem mais embalagem. A falta de produto resultou em pressões por aumento de preço, afirma Ignácio:
– É uma situação que a gente vem sofrendo em todos os materiais, da resina plástica, pela alta do dólar, ao papelão. Estamos tentando administrar da melhor forma possível, mas temos repassado ao menos uma parte do aumento de custo, com cuidado para não impactar demais os clientes. Repassamos só o estritamente necessário.
Apesar da dificuldade, a Sanremo está relançando uma linha de potes com travas chamada Freshy, lançada no ano passado. Segundo o executivo, a estratégia já estava definida antes da pandemia e foi mantida porque os potes tiveram boa aceitação. Nessa linha, afirma que a expectativa é superar o crescimento projetado. Caso isso aconteça, será necessário aumentar a produção e buscar mais insumos.
A Sanremo faz parte do grupo InBetta e tem cerca de 600 funcionários. Como fabrica produtos para limpeza, considerados essenciais, nunca parou ao longo da pandemia. A empresa produziu escudos plásticos para o rosto, conhecidos como faceshields e fez doação para hospitais.