O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A pressão por avanços na área de proteção ambiental cresceu nesta semana com o envio de uma carta de empresários ao vice-presidente Hamilton Mourão. O documento pede combate "inflexível e abrangente" ao desmatamento ilegal na Amazônia. Em entrevista à coluna, o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, ressalta que melhorias na área são cruciais para o país não sofrer prejuízos.
Como avalia o manifesto lançado por empresários?
Com as queimadas no ano passado, houve repercussão negativa sobre o Brasil na imprensa internacional. Supermercados ingleses ameaçaram boicotar produtos brasileiros. Fundos chegaram a não recomendar investimentos no país. Ambas as situações são muito negativas. O país precisa exportar e atrair investimentos. As empresas que assinaram a carta começaram a perceber os efeitos negativos, que podem afetar a captação de recursos no Exterior e as exportações.
A tensão ambiental pode inviabilizar o acordo entre Mercosul e União Europeia?
Isso acaba afetando negativamente a opinião pública e os parlamentos europeus. Pode, sim, dificultar o acordo. Na verdade, o acerto não foi assinado ainda. Passa agora por revisão jurídica, depois é assinado e enviado para aprovação dos parlamentos. Tudo hoje é muito especulativo. O que dá para dizer é que o acordo está sendo atrasado por essa má reputação que o Brasil vem angariando.
Como reverter esse quadro?
A primeira questão é a realidade. Ou seja, o país precisa ter mais atenção com os temas ambientais. A segunda é a concepção da opinião pública. A grande verdade é que a maior parte do agronegócio é moderna, respeita as regras. Então, é preciso fazer mudanças na política ambiental e, em segundo lugar, você tem de divulgar isso lá fora.
Como descreve o cenário para o comércio internacional?
Vai haver uma queda muito grande neste ano. Agora, é bom lembrar que o câmbio hoje favorece a exportação. É claro que falta muita coisa ainda, como financiamento e acordos internacionais. Mas o Brasil tem nível de competitividade. Pode aproveitar isso. Assim, a exportação ajudaria na recuperação econômica.