O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
A lógica de que a economia sofre impactos externos ao mundo dos negócios voltou a ser comprovada nesta terça-feira (7). No mesmo dia, a nuvem de incertezas sobre o Brasil foi reforçada por dois fatores: a confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro está com coronavírus e a pressão por melhorias na área ambiental. Tanto o problema sanitário quanto o avanço das queimadas chegaram a ser minimizados pelo governo nos últimos meses.
— Fatores assim elevam as incertezas no país. Dificultam os investimentos e, consequentemente, a geração de empregos — avalia o economista Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
A bolsa de valores de São Paulo (B3) abriu a sessão desta terça-feira em baixa, acompanhando o movimento registrado no Exterior. Após a confirmação de que Bolsonaro está infectado, o índice Ibovespa chegou a ampliar a queda, superior a 1%
— Temos de torcer para que ele se recupere logo. Isso traz incerteza, uma parcela do mercado pode ver risco de deslocamento de liderança durante a crise — diz Valter Bianchi Filho, sócio-diretor da Fundamenta Investimentos.
Mais cedo, também chamou atenção de analistas a notícia de que líderes empresariais encaminharam uma carta ao vice-presidente Hamilton Mourão para pedir combate a danos na área ambiental. O movimento turbina a pressão sobre o governo, já que as queimadas na Amazônia, por exemplo, representam ameaça a investimentos estrangeiros.
"Os executivos apontam que a imagem negativa tem enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país", afirma, em nota, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). A entidade é uma das responsáveis pelo documento encaminhado a Mourão.
— O manifesto tenta mostrar que a área ambiental precisa ser levada a sério. O Brasil está perdendo a narrativa. O manifesto é importante — aponta Bianchi Filho.