Nascido em Paris, o atual chefe da delegação da União Europeia (UE) no Brasil – cargo que equivale ao de embaixador –, Ignácio Ibáñez, teve em Porto Alegre sua segunda escala na vida, acompanhando o pai, que foi cônsul da Espanha na Capital. Ficou por dois anos, entre 1963 e 1965.
Nesta quarta-feira (10), Ibáñez participou do Live GaúchaZH e afirmou que a análise do acordo UE-Mercosul deve começar nos parlamentos nacionais dos 30 países envolvidos deve começar ainda neste ano. E afirmou que o ambiente é um assunto essencial para os europeus. Um dos motivos da conversa era esclarecer a situação do acordo UE-Mercosul, depois do susto com a moção contrária aprovada pela Holanda na semana passada.
O que ocorreu com a Holanda não foi exatamente a rejeição do acordo, como chegou a ser especulado, foi?Não, é muito cedo ainda para rejeitar um acordo que ainda não foi apresentado. Ainda estamos na fase de finalização do texto, depois vai ao conselho e depois será apresentado. O que aconteceu no Parlamento dos Países Baixos (a Holanda prefere que se use esse nome, porque Holland é apenas uma região do país) foi uma discussão política sobre temas que preocupam os políticos locais, assim como os da Europa. Tem relação, logicamente, com o acordo e estão relacionados ao cumprimento das políticas ambientais.
Como está o avanço do acordo neste momento?
Estamos na reta final. É verdade que as dificuldades impostas pela covid-19 para reuniões presenciais têm introduzido um pequeno retardo nos prazos, mas estamos mais ou menos no tempo. Nas próximas semanas, estaremos finalizando a revisão. Depois, será submetido ao Conselho (instituição da UE formada pelos chefes de Estado de cada país) e da Comissão (outra instituição, considerada o Executivo da UE, formada por espécies de ministros para assuntos específicos). Só depois o texto pode ser remetido aos países. E o mesmo vai acontecer do lado dos países do Mercosul.
Há expectativa de que possa ir aos parlamentos nacionais até o final do ano?
A ideia é que sim, pensamos que o processo de assinatura, que é o ponto final desse período de negociações, ocorra na segunda parte do ano. Dividimos os anos em duas partes, pois temos uma presidência que muda a cada semestre. Estamos na presidência da Croácia, achamos na próxima presidência, que é a da Alemanha, deve ocorrer o envio para os parlamentos nacionais.
É possível que haja resistência dos países?
Nos acordos dessa natureza, que são políticos e comerciais, é normal que exista discussão política dentro do parlamento somos todos países democráticos e isso é bom, pois os parlamentos têm de decidir se o que foi acordado entre as partes pode contar com sua aprovação. O acordo estabelece uma série de valores, valoriza a democracia, os direitos humanos, mas também incentiva o desenvolvimento sustentável. Sem dúvida, esses elementos vão ser bem importantes. Na União Europeia, o tema ambiental é essencial.