O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O coronavírus segue como motivo de preocupação para analistas econômicos na largada desta semana. Nesta segunda-feira (10), um estudo da consultoria britânica Capital Economics provocou repercussão ao projetar impactos financeiros que podem ser gerados pelo problema de saúde. Segundo o levantamento, o vírus, que causou cerca de mil mortes até o momento na China, deve deixar o Produto Interno Bruto (PIB) global estagnado no primeiro trimestre.
Assim, o problema sanitário poderia interromper série de 43 trimestres consecutivos de alta no indicador, que representa a soma das riquezas internacionais. Se isso se confirmar, será a primeira vez em 10 anos que a economia mundial não andará para frente em intervalo de três meses.
A Capital Economics estima perda de US$ 280 bilhões atrelada ao surto no país asiático. A aposta em estagnação da atividade, entretanto, não é unânime. O pesquisador Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), descarta a possibilidade de o PIB estacionar entre janeiro e março. Mas menciona que o coronavírus traz "impacto importante" para o comércio mundial, o que gera reflexos ao Brasil.
— A julgar por experiências anteriores, o PIB da China deve crescer no primeiro trimestre, mas menos do que o imaginado. Isso, claro, é um elemento importante — pontua Castelar.
O certo até o momento é que o cenário internacional começou 2020 com o pé esquerdo. Em menos de dois meses, além do coronavírus, a tensão entre Estados Unidos e Irã também deixou analistas apreensivos. Para o Rio Grande do Sul, um dos reflexos do ambiente adverso é a redução nas exportações. Nesta segunda-feira, a Fiergs informou que as vendas externas da indústria do Estado tiveram o pior janeiro em quatro anos, com redução de 39,7%.