O ataque que resultou na morte do principal líder militar do Irã em Bagdá, no Iraque, terá como impacto econômico mais imediato, além da natural reação de estresse no mercado financeiro, uma forte pressão sobre o preço do petróleo e, em decorrência, nos combustíveis. Desta vez, até o presidente Jair Bolsonaro, que sempre diz não entender de economia, captou rapidamente o tamanho do problema. Disse na manhã desta sexta-feira (3), sobre o impacto da escalada do conflito:
– Que vai impactar, vai. Agora vamos ver o nosso limite aqui. Se subir... Já está alto o combustível. Se subir muito, complica..
Complica porque, caso gasolina e diesel subam muito, vão elevar a inflação. Com a inflação em alta, o governo perde um dos poucos instrumentos que tem para estimular a economia: o juro baixo. Sem contar o efeito desagregador que altas súbitas de gasolina e diesel têm no humor da população.
Antes do ataque, o petróleo já havia subido cerca de 4% por conta do aumento da tensão entre Irã e Estados Unidos. Só nesta sexta-feira (3), o valor do barril do tipo de referência no mercado mundial, o brent, já aumentou 3,5% – até o final da manhã no Reino Unido. Outro tipo de óleo bruto que forma preços, o WTI americano, aumentou 3,3%.
– Vai ser bom para a Petrobras e os produtores de petróleo e ruim para os consumidores de combustíveis – resume João Luiz Zuñeda, sócio-fundador da consultoria de petróleo e petroquímica Maxiquim.
Quanto gasolina e diesel vão subir ainda é cedo para saber. Vai depender dos desdobramentos do ataque. Pelas ameaças, um conflito grave pode estar nascendo. O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, já avisou que a ação dos EUA provocará uma "guerra devastadora". Analistas são mais céticos sobre o real potencial bélico dos dois países do Oriente Médio, um devastado por uma interminável guerra civil (Iraque), outro submetido a sanções internacionais (Irã). Mas como todos já aprendemos, qualquer sinal de fumaça no Oriente Médio, centro mundial de produção de petróleo, pega fogo na bomba de combustíveis.