O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Marcado pela troca de ameaças entre Estados Unidos e Irã, o primeiro final de semana de 2020 serviu para reforçar a preocupação com os impactos negativos que a disputa entre os dois países pode causar em toda a economia mundial.
Antes do ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani, analistas já apontavam que o mercado externo não deveria contribuir para a retomada brasileira neste ano. Após o bombardeio, o temor é de que o ambiente internacional prejudique ainda mais a reação da economia verde e amarela.
– É uma tensão que começa na largada do ano. Trata-se de um problema adicional, porque deixa o mercado internacional ainda mais atribulado – define o professor Argemiro Brum, da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí).
No Brasil, a magnitude dos impactos que a disputa pode causar ainda é incerta. Se a alta do preço do petróleo permanecer nos próximos dias, deve provocar elevação nos valores dos combustíveis no país. Isso tende a ocorrer porque a Petrobras acompanha o comportamento do mercado internacional para definir quanto cobra por gasolina e óleo diesel nas refinarias. Na sexta-feira (3), embora não tenha confirmado alta imediata, a estatal ressaltou que continuará de olho na variação do mercado externo.
Um dos reflexos da alta dos preços dos combustíveis é o aumento da inflação, hoje em nível comportado, o que sustenta o juro no menor nível histórico no país. Ou seja, a elevação nos valores traz riscos à política monetária em vigor, considerada um dos principais estímulos à retomada da economia.
Neste ano, analistas projetam alta de cerca de 2% para o PIB nacional. A elevação equivale ao dobro da prevista para 2019 – em torno de 1%. Resta saber se o país conseguirá ultrapassar os temores que 2020 já apresenta em sua largada. Nos últimos anos, infelizmente, o desempenho brasileiro vem frustrando expectativas em série.