Foi um dia de temores e sustos nos mercados financeiros mundo afora. No Brasil, o dólar fechou em R$ 4,21, depois de tocar os R$ 4,23 durante o dia. Ao contrário da relação entre real e a moeda americana, que despiorou ao longo da sessão, a bolsa chegou ao final da tarde perto da mínima do dia. Logo depois das 17h, caía 2,9%. Durante o inverno no Hemisfério Norte, as negociações só fecham às 18h no Brasil. O comportamento é resultado de uma onda de aversão ao risco provocada pelo temor do impacto financeiro dos casos de coronavírus.
As principais bolsas da Europa tiveram perdas superiores a 2%, que para os padrões locais de variação representam tombo grave. Em Londres (Reino Unido), a queda foi de 2,29%, em Frankfurt (Alemanha), de 2,74%, em Paris (França), de 2,68% e em Milão (Itália), 2,31%. A onda também atingiu a bolsa de Nova York, que logo após as 17h operava em baixa de 1,4% (o fechamento também ocorre às 18h).
Outros sintomas do temor do contágio econômico do vírus são os preços das matérias-primas atreladas à velocidade da economia, como o petróleo. A referência global, o barril do tipo brent, fechou com baixa de 1,34%, para US$ 58,85. Por outro lado, ativos vistos como refúgios seguros em meio a crises, como ouro e títulos do Tesouro americano, subiram.
No final de semana, surgiram as primeiras tentativas de calcular o tamanho do prejuízo financeiro causado pelo isolamento de quase 50 milhões de pessoas na China e pela suspensão de eventos que fazer o dinheiro circular na segunda maior economia do planeta. A projeção era de que poderia haver perda de até 1,2 ponto percentual no PIB chinês, neste ano em que já se projetava desaceleração para a segunda locomotiva global. Nesta segunda-feira (23), outras três informações mexeram com as expectativas sobre os desdobramentos econômicos do risco sanitário.
Em primeiro lugar, a China estendeu o feriado do Ano Novo Lunar, que deveria terminar na quinta-feira (30) até o dia 2 de fevereiro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu a informação de que o risco do vírus era "moderado" e o alterou para "grave". A confissão do prefeito de Wuhan de que houve omissão de dados e que 5 milhões de pessoas deixaram a cidade antes do isolamento ser decretado também adicionou temores, tanto sobre o real alcance do problema quanto sobre a transparência das informações prestadas pelo governo chinês.