Atrasos no pagamento de obras do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) não só não foram resolvidos como se agravaram desde que o governo fez o último anúncio de liberação de recursos, no final de agosto. Conforme Oliver Viezzer, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Caxias do Sul e integrantes do Conselho de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Construção Civil, no Estado R$ 37 milhões que deveriam ter sido repassados a empresas e entidades não foram quitados nesse período.
A soma representa o total devido pelo governo federal não apenas a empresas da construção civil, mas também a entidades formadas para tocar uma das modalidades do MCMV. Nesse sistema, cooperativas habitacionais, associações e outros formatos de entidades privadas sem fins lucrativos se organizam para construir condomínios. No caso das empresas, a dificuldade é com a Faixa 1, a que recebe mais subsídios do governo federal, como o inaugurado pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto no início de setembro em Porto Alegre. No Estado, há grande concentração de atrasos nos dois grupos, mas especialmente no das entidades, detalha Viezzer.
– A última fatura foi paga em 20 de agosto, o que significa que há 14 mil empregos em risco no Estado – relatou Viezzer à coluna.
Na semana passada, o tema foi motivo de uma audiência na Câmara dos Deputados, em que o presidente da Cbic, José Carlos Martins, repetiu críticas feitas em entrevista à coluna. Segundo Viezzer, os canteiros de obras já estão reduzindo equipes, ou seja, dispensando pessoal. Só não paralisam totalmente a atividade porque haveria risco de roubo e depredação.
– Nas empresas, é possível notar uma brusca redução da velocidade das obras – detalha o empresário.
Na visão de vários economistas, programas como o Minha Casa Minha Vida deveriam ser retomados e até acelerados para ajudar na retomada da atividade econômica e reduzir o desemprego, por representar ativação de várias cadeias, desde a construção civil até a produção e a venda de móveis.