Não foi por falta de aviso. Consultores formais e informais do governo do Estado fizeram ponderações e até objeções ao formato da venda das ações do Banrisul que excedem o volume necessário para o Piratini manter o controle da instituição. Embora tenha levado em conta cenários de mercado – a bolsa acima de 100 mil pontos e o fim das férias no Hemisfério Norte, para não correr o risco de perder investidores dos Estados Unidos e da Europa – o que determinou a apressada oferta foi a necessidade de caixa do Tesouro gaúcho.
No processo de discussão, o governo do Estado foi aconselhado a fazer a venda de ações por lotes, aos poucos, como foi tentado na gestão Sartori. Como na época essa alternativa enfrentou questionamentos até na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reguladora do mercado de capitais, a opção foi fazer de uma forma mais transparente. No entanto, o grande volume oferecido de uma só vez acabou contribuindo para reduzir o apetite dos investidores e, em consequência, o preço mínimo dos papéis.
Na noite de terça-feira, a hipótese de não levar adiante a oferta estava na mesa. Ainda não saiu. Caso o valor mínimo ofertado fique muito abaixo do que vigorava antes do período inicial da precificação (R$ 23,18), as críticas ao formato da operação, que já são grandes, poderiam crescer. No governo Sartori, uma transação semelhante foi abortada porque assessores advertiram para o risco de acusações de gestão temerária, ou seja, que coloca em risco o patrimônio público. O novo calendário, espichado em um dia, tenta evitar o fracasso da operação. Pode ser bem-sucedido, mas dificilmente evitará um resultado melancólico para a operação antes programada para coincidir com o 20 de Setembro. Dificilmente será uma façanha.
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