O peculiar cronograma da oferta de ações do Banrisul marcou a liquidação para o 20 de Setembro. Será nesta data emblemática que o governo do Estado vai receber o resultado da venda dos papéis ordinários que excedem o necessário para manter o controle público da instituição. Ontem, era difícil encontrar, entre agentes de mercado e pessoas que se envolveram de alguma forma com a operação, alguém que discorresse com desenvoltura sobre as vantagens da operação. O mais perto disso foi a constatação de que não é o melhor negócio possível para o Estado, mas não há outra alternativa.
Durante a campanha, o então candidato Eduardo Leite afirmava que não venderia o carro para pagar o jantar. Nos últimos dias, tem evitado detalhar o que fará com os recursos recebidos no dia da Revolução Farroupilha. Já sugeriu, porém, que vai quitar pendências do governo anterior que disputam recursos com a folha dos servidores.
O que a coluna mais ouviu, com pedido de que não fosse revelada a identidade do interlocutor, foi “é jogar dinheiro pela janela”, “é queimar o sofá para pagar o jantar” e, sobre o fato de que o preço que os investidores aceitem pagar pelas ações possa não ser o melhor, “esse foi o caminho decidido, não tem almoço grátis”.
Durante a campanha eleitoral, Leite disse que não privatizaria o Banrisul porque isso equivaleria a “vender os móveis da casa para pagar o almoço.” Vender excedentes é diferente de privatizar, mas se a operação bilionária não fizer um aceno para o futuro do Estado, limitando-se a reduzir uma parte do pesado passado, terá o mesmo efeito. A oscilação recente das ações do Banrisul ainda projeta o resultado da venda em cerca de R$ 2 bilhões. É pouco mais do que uma folha mensal do governo do Estado. Pagar em dia é importante, construir novas façanhas, como se propôs Leite, ainda mais.