Para o presidente do Banrisul, Claudio Coutinho, o fracasso da tentativa de venda das ações ordinárias do Banrisul — cancelada nesta quinta-feira (19) — não decorreu de erros nem improviso na operação, mas o resultado significa que há uma reflexão a fazer no Estado:
– Os investidores mandaram um recado sobre o qual governo e Assembleia têm de refletir. Não podemos ignorar que preços foram dados e não achar que não tem informação aí. Estão dizendo 'nessa estratégia, só pago isso'. Não podemos deixar de refletir sobre a estrutura – afirmou.
A coluna quis saber se Coutinho falava especificamente de privatização:
– Lógico que a privatização resolveria, mas é simplista dizer que só aponta privatização. Também resolve ficando como está.
A questão, segundo Coutinho, é o desbalanceamento entre a posição do governo do Estado, que teria 25% das ações e manteria o controle, e os 75% restantes que estariam com vários acionistas sem poder efetivo de decisão.
– Por mais que a gente fique chateado, decepcionado, não pode ignorar o mercado. Temos de pensar que vamos precisar de investidores para várias outras iniciativas, como os projetos de concessão de estradas e infraestrutura. Não podemos ignorar a mensagem que o mercado manda. Temos de nos adequar para conseguir ter o desenvolvimento que se espera do Rio Grande do Sul, entender os pontos e atrair os investimentos de que a gente precisa.
Coutinho também rebateu alguns dos erros apontados pela coluna, baseados em avaliações de mercado:
– Não houve erro, não houve nada confuso. Foi feita uma transação normal, os investidores mandaram ordens por um preço que o Estado entendeu que não era justo. Simples assim. Houve ofertas de compra em volume que superavam em muito o tamanho do lote a ser vendido. É como você querer um Mercedes-Benz por R$ 120 mil e o comprador oferecer R$ 80 mil.
Conforme o presidente do Banrisul, o fato relevante que prorrogou o cronograma da oferta em um dia foi uma tentativa de dar uma sobrevida ao processo:
– Poderíamos ter encerrado ali. Optou-se por ver, quem sabe, se baixando o volume da oferta, haveria demanda ao preço que se achava justo.
A publicação do fato relevante na madrugada, detalha, deve-se ao tempo necessário para adaptar a documentação do caso. A decisão havia sido tomada na terça-feira, depois do fechamento do mercado. O mesmo ocorreu nesta quinta-feira (19). A definição pelo cancelamento foi tomada no final da tarde de ontem, e a publicação do fato relevante nesta manhã decorreu para esperar o encaminhamento dos procedimentos legais.
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