A compra de 20% da Latam, anunciada na quinta-feira pela companhia aérea Delta, pode significar, no médio prazo, que a americana venha a se tornar controladora da empresa que já foi 100% brasileira – quando era apenas TAM – e chilena, como é hoje, depois da "fusão" com a Lan do grupo Cueto.
A palavra vai entre aspas porque foi assim que o negócio foi apresentado, em 2010. Na verdade, tratava-se de uma aquisição, como em seguida ficou claro para o mercado. O desenho foi feito para evitar choques com a legislação brasileira que, na época, não permitia controle estrangeiro de companhias aéreas nacionais.
A legislação brasileira sobre o tema mudou desde março passado. Não foi de imediato, mas começaram a chegar grupos estrangeiros interessados em operar no Brasil: Sky Airline, Norwegian, Flybondi, Virgin Atlantic, Jet Smart, Air China e Gulf Air. Abrem a possibilidade de mais concorrência, ainda que de forma tímida. Hoje, a família Amaro, dona da Transportes Aéreos Marília que originou a empresa, tem apenas 2,6% das ações (conforme gráfico acima, que consta na página de informações financeiras da empresa).
Com a venda da fatia para a Delta, a participação do
Grupo Cueto deve diminuir para 22% a 23%. No acordo apresentado para aprovação pelas instâncias de defesa da concorrência, consta a previsão de que a companhia americana possa elevar sua parte nas ações para até 24,99%. Assim que isso ocorrer, a Latam deixa de ser chilena, como é atualmente, para ser americana.
A perspectiva ajuda a entender o movimento inusual feito pela Delta na semana passada, em que trocou de posição nos céus do Brasil: sinalizou a saída da Gol, na qual detinha 9,4% das ações, para comprar essa participação na Latam. Além da perspectiva de um mercado maior, já que a Latam opera para mais destinos na América Latina, tem a expectativa de definir os destinos da companhia aérea em que investiu.
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