No final do ano passado, dois dias depois de a Avianca pedir recuperação judicial, o presidente Michel Temer assinou medida provisória permitindo que 100% do capital de companhias aéreas que atuem no Brasil seja estrangeiro. A óbvia relação entre os dois movimentos foi registrada, apesar da manifestação do interesse da Azul, poucos dias depois. Na época, a empresa criticou a medida, sinal de que poderia contrariar seus interesses. Nesta segunda-feira (11), a Azul anunciou a assinatura do acordo para comprar a concorrente, pelo equivalente a R$ 406 milhões.
Após a medida, a expectativa era de que pudesse aumentar a concorrência no segmento de aviação civil no Brasil. No entanto, o que ocorreu de fato foi mais concentração. Em vez de um novo competidor, o país perdeu uma das empresas que disputavam a já escassa oferta de companhias aéreas brasileiras.
No primeiro teste, o diagnóstico sobre o apetite das grandes no mercado brasileiro, é negativo, ao menos até agora. É possível que mude a médio ou longo prazo, mas por ora não houve interesse. Da regulamentação apertada no segmento à confusa política de preços para combustíveis – 100% liberado para querosene de aviação, com algum grau de arbitragem para outros segmentos, especialmente no caso do diesel, passando pelo número de passageiros ainda muito abaixo do pico, os céus do Brasil podem estar abertos. O que não significa que haja demanda por tráfego.