No sábado, a quatro dias do prazo final para que a MP 863, que liberou a operação de empresas aéreas com capital 100% estrangeiro no Brasil, seja aprovada ou perca a validade, o grupo espanhol Globalia, dono da Air Europa, manifestou interesse na oportunidade.
A companhia encaminhou pedido de abertura de empresa à Junta Comercial de São Paulo,
o que foi comemorado no governo federal. No momento em que o pedido de recuperação judicial da Avianca eleva preços de passagens aéreas no Brasil, pode ser boa notícia.
No meio do conflito aberto entre o Congresso e o Planalto pelo texto compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira, o interesse da Air Europa será usado como pressão para que a MP 863 não seja condenada a caducar. O risco era elevado, inclusive diante da falta de apetite dos grupos internacionais pelo Brasil.
A Air Europa é a terceira maior empresa aérea da Espanha, atrás de Vueling e Iberia. Já faz ao menos três ligações entre o Brasil e a Europa – de Guarulhos, tem voos para Lisboa e Madrid, e vai de Recife a Lisboa. A empresa tem cerca de 50 aeronaves, entre as quais meia dúzia de modelos da brasileira Embraer.
Embora esteja em terceiro lugar em tamanho, em queixas de consumidores vem em segundo, conforme dados da Agencia Estatal de Seguridad Aérea (Aesa), órgão do governo espanhol responsável pelo setor. Até agora, só os dados de 2017 estão disponíveis, e a empresa registra 153,2 reclamações a cada mil passageiros. A Vueling, que transporta mais do que o dobro de passageiros (24 milhões), tem quase um terço: 96,9. A Iberia, empresa nacional com maior incidência de problemas relatados, tem 168,9.
Criada em 1986 em Palma de Mallorca, nas ilhas que concentram boa parte do turismo na Espanha, já passou por duas trocas de controle. Apenas cinco anos depois, em 1991, foi vendida a um grupo de investidores comandado por Juan José Hidalgo, e em 1998, passou a integrar o grupo Globalia, sem que Hidalgo deixasse o posto. Um típico self made man, Hidalgo começou a fazer fortuna com uma empresa de ônibus. Pode não ser a empresa aérea dos sonhos dos brasileiros, mas ao menos, embute a expectativa era de que aumente a concorrência no segmento de aviação civil no Brasil.