As iniciativas na área econômica já anunciadas pelo governo, como a MP da Liberdade Econômica, e em estudo, como a hipoteca reversa, não frequentam o cardápio conhecido das medidas de estímulo ao crescimento. Um dos motivos é porque a equipe econômica, composta por profissionais comprometidos com estágios variados de liberalismo, não acredita nas providências mais tradicionais, como crédito subsidiado e incentivo ao consumo. É preciso observar, ainda, que as mais recentes iniciativas desse tipo, adotadas nas duas gestões de Dilma Rousseff, não deram os resultados esperados.
Outro é porque não pode recorrer a itens mais familiares
do menu, como investimento público, dada a projeção de déficit público de R$ 139 bilhões neste ano (e acumulado em quase R$ 600 bilhões nos últimos cinco anos). Ao contrário, o governo tem enxugado gastos, em muitos casos gerando efeito de encolhimento da economia.
É o caso, por exemplo, da redução drásticas de concursos públicos, que representa potencial agravamento do desemprego. Outra vez, é resultado da dificuldade financeira e das crenças do governo.
No pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia 1º de Maio, a palavra "emprego" sequer foi pronunciado. Outra das convicções da equipe econômica é de que gerar vagas de trabalho não é papel de governo. Por isso, a grande maioria das medidas anunciadas ou por anunciar focam na capacidade e na liberdade de empreender. Com menos amarras à criação de negócios, apostam os atuais ocupantes do Planalto, mais brasileiros vão ter renda – e, em alguns casos, emprego. Mas esse não é mais o foco absoluto do time. O que o governo prepara para aumentar a capacidade de contratação das empresas é a desoneração absoluta da folha de pagamento, conforme anunciou o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Para isso, está disposto até a criar uma espécie de CPMF. Como defendeu o ministro da Economia, Paulo Guedes, não para ser mais um, mas para substituir tributos disfuncionais.