Depois de um péssimo 2018, quando o prejuízo havia crescido 1.000%, o braço de distribuição da CEEE voltou a ter prejuízo de R$ 237,5 milhões no período de janeiro a março. Com isso, a estatal acumula perdas totais de R$ 3,7 bilhões, conforme balanço publicado na noite de quarta-feira (15) no site da empresa. Comparado ao resultado negativo do mesmo período de 2018, o aumento chega a quase inacreditáveis 2.119% – melhor desprezar o que vem depois da vírgula.
Conforme as notas da direção da empresa, a CEEE-D tem um passivo a descoberto, ou seja, compromissos que não podem ser saldados nem com a venda de todos os bens da companhia, de R$ 2,59 bilhões. Esse fator, somado a outro indicador semelhante, chamado de "excesso de passivos sobre os ativos circulantes no encerramento do período", de R$ 2,19 bilhões, indica, conforme a auditoria responsável pela checagem do balanço financeiro, "existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa sobre a continuidade operacional da companhia".
Em bom português, isso significa que a sobrevivência da empresa não pode ser assegurada. Essa é uma observação que vem marcando os balanços mais recentes da companhia, portanto não há risco imediato de quebra, mas evidencia a situação dramática das finanças da empresa que o governo do Rio Grande do Sul quer – e já está autorizado a – privatizar. Entre os grandes passivos da CEEE-D, estão provisões previdenciárias, trabalhistas e fiscais de R$ 1,1 bilhão. Desse total, R$ 957,5 milhões são referentes a "pagamentos a empregados", a maior parte referente a complementações feitas pela empresa ao fundo
de pensão dos empregados.
Por outro lado, a outra empresa de energia do Estado, que cuida da geração (usinas) e transmissão (transporte no atacado), teve aumento de 74,8% no lucro entre o primeiro trimestre de 2018 e o deste ano. Mesmo assim, os R$ 94,75 milhões de resultado positivo representam menos da metade do prejuízo provocado pela "irmã" de distribuição. Nos próximos dias, o Piratini deve definir qual será a estratégia de privatização da CEEE. Existem interessados, mas é preciso ter cuidado para não repetir erros cometidos na venda parcial de ativos da empresa, há mais de 20 anos.