Um dia depois das manifestações de apoio ao governo que levaram muita gente às ruas, uma notícia preocupante para o presidente Jair Bolsonaro vem do mercado financeiro, que manifestou adesão a sua candidatura ainda no dia em que o então candidato sofreu uma facada. Sondagem realizada pela XP Investimentos e divulgada nesta segunda-feira (27) mostra que o percentual dos entrevistados que considera sua gestão "ótima ou boa" despencou 72 pontos em menos de cinco meses. Era 86% em janeiro, caiu para 14% em maio. Enquanto isso, a parcela que considera "ruim ou péssima" escalou 42 pontos entre janeiro e maio, de 1% para 43%.
No último mês, a avaliação "ótima ou boa" do Planalto
caiu à metade entre economistas, analistas e operadores
do mercado financeiro, de 28% para 14%. A pesquisa converge com o aumento das críticas ao governo que começaram a surgir nas últimas semanas, antes quase inexistentes. A pesquisa com 79 investidores institucionais, gestores de recursos, economistas e consultores foi realizada de 20 a 24 de maio, portanto foi
só parcialmente impactada pela ameaça de renúncia do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O mais preocupante, tanto para o Planalto quanto para seus aliados, é o fato de que
a expectativa para o restante do mandato (veja gráfico abaixo) – nada menos de três anos
e sete meses –, desabou de 83% de "ótimo e bom" em janeiro para 27% em maio.
Na pesquisa anterior da XP, de abril, a avaliação do atual momento havia sofrido forte declínio, mas a expectativa ainda se mantinha em terreno claramente positivo, 60%.
Foram 33 pontos percentuais perdidos só nos últimos 30 dias.
Respondida às vésperas das manifestações de domingo, que de certa forma acentuaram o confronto entre Executivo e o Congresso, a pesquisa não projeta grandes alterações na relação: 71% avaliam que deve ficar como está. No período, inclusive, a avaliação do Legislativo melhorou: o "ótimo ou bom" mais do que dobrou, avançando de 32% para 15%. O levantamento inclui 11% de respostas de gestores de investimentos do Exterior.