No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que a Fiat investirá R$ 16 bilhões no Brasil. Até agora, a empresa confirmou R$ 8,5 bilhões, para lançar 15 modelos da Fiat e 10 da Chrysler no país até 2024. Ainda que o número correto seja o da empresa, não o do presidente, é ótima notícia no país em que o crescimento parece ter travado para, em seguida, engatar marcha a ré. Nas estatísticas, os números são tão preocupantes que o Bradesco classificou 2019 como “mais um ano perdido”.
Nos últimos dias, vários negócios entre empresas desafiam a percepção de volta à recessão. Além do investimento da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), a Vale (sim, a dos espantosos rompimentos de barragem) anunciou acordo com a China Communications Construction Company (CCCC) para instalar uma usina de produção de aços planos no Pará, com investimento de R$ 1,5 bilhão.
O capítulo recente de fusões e aquisições ganhou ainda mais recheio: a brasileiríssima Natura comprou a mãe de todas as empresas de cosméticos, especialmente os mais populares, a americana Avon, resultando na quatra maior do mundo, com valor estimado em US$ 11 bilhões.
Duas grandes redes de varejo – setor fragilizado por anos de queda seguidos por outros de lentíssima retomada –, a Magazine Luiza e a Centauro, disputam a compra da Netshoes, operação online que, apesar do sucesso de vendas, amarga dificuldades em produzir resultados. É uma disputa incomum no Brasil. A venda para a Magazine Luiza havia sido anunciada, por US$ 62 milhões, mas a Centauro ofereceu 40% a mais, US$ 87 milhões, para forçar uma revisão. Muita aposta em um negócio deficitário.
Mais perto do Rio Grande do Sul, a Cecrisa, que produz a marca Portinari em Criciúma, foi vendida à Duratex por R$ 539 milhões, dos quais R$ 264 milhões em dinheiro. Esse tipo de negócio entre empresas é comum durante períodos de crise: quem sofreu mais vende para quem passou melhor pelas dificuldades. Mas fazia muito tempo que não se via uma concentração tão grande de anúncios em tão pouco tempo.
O tempo ainda vai dar conta de depurar o significado, se desespero por não sair do lugar ou teimosa expectativa de que o Brasil volte a ser, ao menos, o país do futuro, já que no passado recente fracassou na tentativa de se tornar o país do presente. Se for o segundo caso, a fila do desemprego pode encurtar.