Não houve consenso na leitura dos sinais, mas bolsa e dólar reagiram com avaliação do cenário eleitoral depois da facada contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro. Na bolsa, a reação foi mais clara. Logo depois de a notícia pipocar nos terminais, houve alta acentuada. O Ibovespa, que representa a média das principais ações negociadas na bolsa, teve alta de quase um ponto percentual. Trafegava em torno de um avanço discreto de 0,5% e chegou a tocar em 1,9%, para depois fechar em alta de 1,76%, em 76,416 pontos.
A reação foi muito rápida. Aplicações em bolsa e câmbio não tem lugar físico, são feitos em locais específicos de grandes corretoras e gestoras de investimentos. Conforme a descrição de um operador de mesa de negociações, mal deu tempo de ver a notícia e virar para o lado: o gráfico do Ibovespa já havia subido. O dólar, que vinha registrando altas sucessivas, interrompeu a trajetória e fechou em baixa de 0,95%, para R$ 4,104 – é a menor cotação desde 31 de agosto. Até o risco Brasil recuou 5% no final do dia.
Análises preliminares abordavam menos o fortalecimento de Bolsonaro do que que o enfraquecimento da esquerda. No final do dia, porém, a interpretação mudou de tom.
— Jair Bolsonaro, que tinha nove segundos de propaganda na TV, agora tem 24 horas em todos os veículos de mídia – disse Pablo Spyer, diretor da Mirea Corretora.
– Esse ataque reforça alguém sobre o qual não há unanimidade no mercado, mas é percebido como capaz de fazer reformas. Quem atacou deu tiro pela culatra – observou André Perfeito, economista-chefe da corretora Spinelli.
Nas mesas de operação, chegou-se a discutir a hipótese de que o afastamento de Bolsonaro pudesse favorecer Geraldo Alckmin (PSDB). Alvaro Bandeira, sócio da Modalmais, não descarta que a exposição de Bolsonaro faça com que ganhe votos. Com o feriado de 7 de setembro e o desencontro de informações sobre o estado de saúde de Bolsonaro, no fim do dia todos preferiram a cautela diante da incerteza.