O leve recuo na inflação mensal medida pelo IPCA, mas principalmente a aceleração discreta (de 0,44% para 0,68%) de outro indicador divulgado ontem, o IGP-DI, sugerem que o temido contágio da alta do dólar para os preços está controlado, ao menos até agoramomento.
– O resultado da aceleração do câmbio para perto de R$ 4,20 ainda não apareceu – diagnostica Salomão Quadros, superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV).
A série dos IGPs da FGV é conhecida por ser mais sensível à variação do dólar, especialmente por ter, na sua composição, preços ao produtos, os primeiros afetados por repasses cambiais. A explicação, segundo Quadros, passa pelas condições da economia:
– A falta de ritmo na retomada segura o repasse. Como as condições são adversas, os preços não evoluem. O mais provável é que ocorra repasse dentro das cadeias produtivas.
O que pressionar preços, avalia Quadros, é o aumento de 13% no diesel. O peso direto nos IGPs, – sem contar o efeito na estrutura de custos – é 3,2%. Houve altas sem qualquer relação com o câmbio, caso do aipim, influenciado por safra agrícola. Mas outros aumentos de agosto (veja gráfico) deixam claro o poder de contágio do dólar mesmo para um produto extraído no Brasil, o minério de ferro. Quadros avalia que o período de final de ano não deve agravar repasses:
– Vai tem muitos querendo comprar, mas muitos querendo vender.