Desde o famigerado 6 de setembro de 2018, quando a bolsa saltou mil pontos logo após saber da facada desferida contra o então candidato, o mercado financeiro “colou” em Jair Bolsonaro. Na época, a leitura foi de que, com a exposição que teria, ele seria eleito. E foi. Quando o governo federal fecha seus primeiros cem dias, recebe um recado poderoso de investidores e especuladores. A aprovação, que era de 86% em janeiro, minguou para 60% em fevereiro e despencou a 28% em abril, conforme pesquisa com agentes do mercado financeiro realizada pela XP Investimentos. Nesta terça-feira, sob o impacto da declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que não tem "condições de assumir a articulação" da proposta de reforma, a bolsa caiu 1,11%, para 96.291 pontos.
A explicação é a que todo mundo sabe: a indecisão de Bolsonaro em aplicar 100% de seu capital político na aprovação da reforma da Previdência. Conforme a pesquisa, a maioria (61%) avalia que a proposta só deve ter votação concluída no segundo semestre. No levantamento anterior, de fevereiro, 60% esperavam que tudo fosse resolvido entre maio e julho.
A gestora da investimentos ouviu 104 representantes de investidores institucionais, público formado por gestores de recursos, economistas e consultores, entre os dias 3 e 5 deste mês. Na avaliação dos consultados, sem aprovação de reforma da Previdência, a bolsa cairia 23% neste ano, para 75 mil pontos, e o dólar subiria 16%, para R$ 4,50. No cenário de aprovação da proposta enviada pelo governo, subiria 24%, para 120 mil pontos e o dólar cairia a R$ 3,50.
Em outra consulta, esta com 201 parlamentares, feita entre 26 de março e 4 de abril, a XP apurou que 76% percebem a necessidade da reforma, 68% consideram que será benéfica para a economia, mas só 52% acreditam que a proposta do governo será aprovada ainda neste ano. Considerando que a proposta de emenda constitucional precisa de 308 votos, ainda há muitos a garimpar.