Na quarta-feira, o mercado financeiro fechou com queda na bolsa e alta no dólar antes do "episódio tchutchuca" – o bate-boca entre o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Fosse depois, os dois movimentos teriam sido acentuados. Mas não há nada como um dia após o outro – e com sinais de que é possível aprender com o erro.
Os maus modos do deputado e o pavio curto do ministro foram esquecidos nesta quinta-feira (4). A bolsa reagiu com mais entusiasmo, com alta de 1,93%, para 96.313 pontos, mas no câmbio também houve alívio, com recuo de
0,55%, para R$ 4,857. O dia até começou tenso, com analistas tendo de explicar a clientes estrangeiros qual era o significado de "tchutchuca" e como se pronunciava em português.
Mas a reunião matinal do presidente Jair Bolsonaro com seis partidos alinhados com a reforma da Previdência desanuviou o ambiente e os humores. A bolsa subiu de forma consistente ao longo da sessão, com as ações das estatais também em alta, sinal de
crédito do mercado financeiro em relação ao governo. Petrobras subiu 3,29%, também
por alta no preço internacional do petróleo, Eletrobras, 1,97% e Banco do Brasil, 1,2%.
O recado de investidores e especuladores ao governo não pode ser mais claro: se o Planalto der sinais inequívocos de que está comprometido com a aprovação da reforma da Previdência e se fizer esforços claros para alcançar esse objetivo, vai colher bons resultados. Se insistir no comportamento errático da semana retrasada, com disputas estéreis e polêmicas improdutivas, agrava o quadro já pouco promissor do primeiro trimestre.
A reunião da manhã sequer teve resultados muito estrondosos. Em anúncio do presidente do PRB, Marcos Pereira, teria rendido a criação de dois conselhos políticos, um formado por presidentes e outro por líderes dos partidos aliados. Mas foi considerada uma rara manifestação coerente de reforço da articulação, depois da exposição da falta caracterizada na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da quarta-feira. Se a falta de decoro dos deputados ficou exposta, as ironias de Guedes também não ajudaram a pôr foco na reforma.