A operação policial que expôs uma suposta fraude em licitações para transporte de resíduos da queima de carvão provavelmente seja um dos flocos de cinza que cercam a Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Ao longo das últimas décadas, sucediam-se no comando da estatal ex-prefeitos, ex-deputados, deputados com mandato que precisavam ser "acomodados" – como ocorre agora no impasse da Secretaria do Desenvolvimento.
Atualmente, a empresa existe para atender a apenas um contrato, com a CGTEE, estatal federal de futuro incerto, também cercada de prejuízos. Houve uma sucessão de fechamento de usinas a carvão – primeiro, duas antigas na Região Carbonífera, a de São Jerônimo e a de Charqueadas. Depois, duas outras do Complexo Presidente Médici, também da CGTEE.
O contrato de fornecimento de carvão precisou ser reduzido em 60%. As perdas da empresa se sucedem velozmente: R$ 18,2 milhões em 2015, R$ 37,7 milhões em 2016 e R$ 31,8 milhões em 2017. Ainda não se conhecem os dados do ano passado, mas é possível perceber que o padrão é o agravamento das perdas. Embora o Estado ainda busque um aproveitamento racional para suas imensa jazidas de carvão – a ideia do polo carbonífero é a principal –, faltam recursos para a empreitada e interesse de investidores no segmento.
Assim como o governo do Estado necessita apoio para aprovar a dispensa de plebiscito para privatizar a CRM, a Sulgás e a CEEE, precisa mudar seu comportamento na gestão das estatais remanescentes. A acomodação política deriva para gestões descompromissadas com o futuro dessas empresas. Há sinais de que isso começa a acontecer. Mas tem de ganhar velocidade.