Veio do PTB, partido do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, a primeira baixa no secretariado de Eduardo Leite. O deputado Dirceu Franciscon, que passou janeiro na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e fevereiro dividido entre a Assembleia e o Centro Administrativo, comunicou ao governador que optou por exercer o mandato para o qual se elegeu com o nome de Dirceu do Busato.
O impasse fez o governador adiar para a próxima semana a primeira reunião da equipe completa, prevista para hoje. O principal compromisso do dia será a posse da secretária Extraordinária de Relações Federativas e Internacionais, Ana Amélia Lemos, às 9h, no Palácio Piratini.
A indicação do secretário de Desenvolvimento voltou à estaca zero, mas, como na divisão de espaço o cargo é do PTB, o partido tentará emplacar o ex-ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira.
Presidente da Funasa, Nogueira diz que não recebeu qualquer convite do governador. Embora garanta que está focado na fundação que é vinculada ao Ministério da Saúde, o ex-ministro admite que gostaria de retornar ao Rio Grande do Sul "para ficar mais perto da família".
Na carta encaminhada a Eduardo Leite, Dirceu Franciscon alegou que não continuaria na secretaria porque os cargos ficaram pouco atrativos para manter uma equipe qualificada.
Esse pode ser um dos motivos, mas o que pesou mesmo foi a decisão do suplente Marcus Vinícius de Almeida (PP) de não aceitar a exigência do PTB de dividir os cargos em comissão na Assembleia. Marcus Vinícius queria montar uma equipe de sua confiança, mas acabou ficando sem mandato.
O recuo de Dirceu Franciscon significa uma quebra do acordo que permitiu a posse do suplente Ronaldo Santini (PTB) na Câmara dos Deputados, na vaga do secretário da Agricultura, Luiz Antônio Covatti (PP).
_ Esperarei que o PTB apresente o nome de outro deputado estadual interessado e em sintonia com a pasta, cumprindo o acordo firmado entre as siglas. Confio na responsabilidade dos dirigentes partidários e gestores envolvidos _ limitou-se a dizer Marcus Vinícius.
Confira a íntegra da nota divulgada por Dirceu Franciscon:
"Na tarde desta quarta-feira (6), encaminhei ofício junto ao Governador Eduardo Leite comunicando minha opção em permanecer no mandato de Deputado Estadual e, por consequência, não retornar ao cargo de Secretário de Estado da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).
Desde que aceitei o cargo de secretário, ainda na época da transição, manifestei a necessidade da Secretaria permanecer no eixo da Governadoria. A pós a posse, e com a sanção reestruturação administrativa, reiterei junto a integrantes do Governo do Estado a necessidade de modificar a Lei Ordinária 15.246, de 2 de janeiro de 2019. Nela, a Sedetur deixa de ser parte da governança, o que na prática inviabiliza muito os trabalhos da pasta.
Minha apreensão sempre foi a real possibilidade de desintegração da Secretaria, ao qual tem recebido pedidos de desligamentos e transferências de quase todos os diretores e parte do corpo técnico, comissionados e efetivos de carreira. Servidores qualificados, com reconhecimento e recomendação dos mais diversos setores empresariais e industrias do Estado, que atendem grandes empresas e que ocupavam suas funções há anos na Secretaria.
Para se ter uma ideia, no caso mais grave, temos servidores técnicos que o salário reduz de R$ 6.205,43 para R$ 682,32, os quais passariam a receber um salário mínimo. Em outros casos, servidores técnicos, que laboram a muitos anos na Secretaria e tratam com as maiores empresas e os maiores investidores do Estado, onde o salário reduz em torno de 43%. Esses servidores, hoje essenciais para o bom andamento e continuidade dos serviços até então prestados, estarão se desligando.
Sempre dei o meu melhor, nunca tive o intuito de atrair novos colaboradores ou indicar novos cargos na Secretaria. Minha intenção sempre foi garantir a permanência dos que estão lá há anos e são a memória de todos os investimentos que o Estado teve e tem, e que garantem o bom andamento dos programas já existentes, o que também pode ficar comprometido.
Agradeço o convite do Governador Eduardo Leite para comandar essa importante Secretaria, de maneira especial às importantes palavras de apoio que ele me direcionou nas várias reuniões que prescindiram esta minha decisão. Como não poderia ser diferente, não medirei esforços para ajudar no que estiver ao meu alcance, serei um grande companheiro pensando no futuro e no sucesso de sua gestão frente ao Estado do Rio Grande do Sul.
Esclareço que a decisão é única e exclusivamente de foro íntimo e de cunho pessoal. Agradeço de forma especial aos colegas de partido e coligação, aos presidentes e aos líderes, de forma que não carrego qualquer tipo de descontentamento institucional ou pessoal da composição partidária que me levou a estar na Casa Legislativa.
Seguirei com meu projeto de trabalho na Assembleia Legislativa, como deputado, sempre com o objetivo de levar mais qualidade de vida aos gaúchos e gaúchas. Esse é um trabalho que exerço há mais de uma década e que foi reconhecido nas últimas eleições com os 37.322 votos que conquistei nas urnas."