Depois de "piscar" logo depois do anúncio de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não iria à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para defender a proposta de reforma da Previdência, a bolsa teve um dia de alívio. Desde que a proposta de mudanças nas "regras de proteção social" dos militares chegaram à Câmara, acompanhadas de um plano de reestruturação para o pessoal da ativa, resultando em pífia redução de gastos de R$ 10,54 bilhões, o mercado financeiro vem se inquietando com o futuro da reforma. Nesta terça-feira (26), relaxou. Teve alta de 1,76%, para 95.306 pontos.
O dólar pouco se mexeu: avançou discretos 0,24%,para fechar em R$ 3,867.
No dia que seria crucial para aferir a reação dos deputados à proposta do governo, o presidente Jair Bolsonaro começou o expediente mais tarde. Antes, foi ao cinema, assistir ao filme Superação, o Milagre da Fé. As notícias de que parlamentares querem alterar profundamente a proposta de emenda constitucional (PEC) 6/2019 parecem não ter preocupado investidores e especuladores. Até a hipótese de retomar o projeto enviado no governo Temer foi aventada.
– O fato de Guedes não ter ido à Câmara não é catastrófico. Foi mais prudente adiar (nova data está prevista para 3 de abril). Em compensação, novas informações sobre a cessão onerosa, que envolve a Petrobras, e a volta da possibilidade privatização da Eletrobras segurou o índice – relata Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos, sobre o comportamento.
De fato, as ações da Petrobras saltaram 4,18%, e as da Eletrobras, 4,36%. Mesmo as do Banco do Brasil, que sinalizou intenção de reduzir sua presença no financiamento agrícola, subiram 2,35%. Quando as três estatais com ações no mercado sobem juntas, isso costuma apontar otimismo em relação ao governo.
– Em algum momento, vão entrar os bombeiros. Quando a bolsa cai, gera oportunidades. De tudo o que ocorreu até agora nessa crise, o mais chato é o caso dos militares. Significa que há dois pesos e duas medidas. Vai ser questionado no Congresso, pode trazer ruído. Poderiam ter feito o aumento dos militares da ativa em um segundo momento. Houve falta de sensibilidade politica – avalia Espírito Santo.
Na sexta-feira seguinte à segunda-feira em que a bolsa atingiu a marca histórica de 100 mil pontos, pela primeira vez o mercado identificou riscos de que a reforma da Previdência emperrasse, diante dos "problemas de comunicação" do governo federal.