Falta de sintonia, balão de ensaio ou fogo amigo. São as três principais interpretações para o episódio do vazamento de tópicos importantes que seriam da proposta de reforma da Previdência a ser enviada pelo Planalto para o Congresso. Os trechos, porém, são uma versão mais dura e que seria a preferida da equipe econômica, comandada pelo superministro da Economia, Paulo Guedes.
Mas a repercussão negativa dentro do próprio governo a pontos sensíveis, como idade mínima de 65 anos para se aposentar, igualando homens e mulheres, mostrou que não há unidade. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, disse ser contra e garantiu que o presidente Jair Bolsonaro também é. O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também garantiu que o texto a ser remetido ao parlamento será bem diferente do que foi divulgado. E disse que "o vazador vazou o texto errado", em uma referência indireta a alguém da equipe de Guedes. Um tom que realimenta a especulação de desarmonia entre dois dos mais importantes auxiliares de Bolsonaro, que dará a palavra final.
De qualquer forma, é intenção do Planalto ter o projeto pronto até o final da próxima semana, para enviá-lo ao Congresso na segunda quinzena. Se na segunda-feira o vazamento de uma versão mais dura selecionada pela equipe econômica causou entusiasmo no mercado, ontem predominou a cautela com os desmentidos escancarando que a queda de braço no núcleo do poder será pesada. Por ser tema delicado e que vai demandar grande capacidade de convencimento junto à população e aos parlamentares, daqui para a frente, quanto menos ruído, melhor.