Responda rápido: qual o projeto de reforma da Previdência do presidente eleito? Que estatais Jair Bolsonaro vai de fato privatizar? Qual a relação de trabalho quer estabelecer? Difícil, não? Se as posições do novo governo em áreas como segurança e política externa foram explicitadas de forma até abrupta, na economia sobram interrogações um mês e meio depois da eleição. Nesta sexta-feira (14), surgiu a versão de que Bolsonaro vai ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com o discurso de que a reforma da Previdência é sua prioridade número 1. Ao menos, lá ninguém vai lembrar das inúmeras oportunidades em que ele relativizou a pressa e os ajustes necessários em benefícios que mais parecem privilégios.
Além de inflar a pontuação da bolsa no período eleitoral e os índices de confiança no mês seguinte a sua vitória, Bolsonaro dá sinais de que o Brasil voltará a ser um canteiro de oportunidades, especialmente para o capital externo, ao longo de seu mandato. Mas mesmo os bilionários de Davos que nunca ouviram suas declarações evasivas sobre a Previdência e seus discursos sobre estatais “estratégicas” vão acompanhar com lupa as primeiras medidas de seu governo antes de se aventurar na selva tributária e regulatória do emergente tropical.
Em um ministério que combina militares, evangélicos e fundamentalistas, a equipe econômica é a que inspira mais confiança, a exemplo do que ocorreu com Michel Temer. Mas a experiência do vice decorativo que assumiu o poder mostra que um time dos sonhos, sozinho, não ganha campeonato. Passou da hora de unificar o discurso e, acima de tudo, mostrar aos brasileiros qual foi o projeto de desenvolvimento que elegeram ao rejeitar o presidencialismo de coalizão e
o capitalismo de compadrio.