No dia em que apresentou as perspectivas para 2019, o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, também comunicou uma decisão polêmica: a entidade decidiu recomendar a privatização ou federalização do Banrisul. Bohn mencionou a posição em pronunciamento, sem aprofundar o assunto, mas depois detalhou à coluna:
– Entendo que o Regime de Recuperação Fiscal é absolutamente necessário, imagine se não fizermos isso. O Estado é como uma empresa que está pedindo recuperação judicial, antigamente chamado de concordata, só que precisa da aprovação dos credores. Nesse momento, sem o Banrisul, não tem. O que o governo ofereceu não é o suficiente. Queremos dar coragem ao governo para enfrentar essa questão publicamente.
Bohn esclareceu que é cliente do Banrisul, não tem nada contra o banco, mas que é preciso discutir os riscos de manter a posição de sucessivos governos de não privatizar a instituição. Lembrou que, desde 1998, é a sociedade gaúcha que tem mantido o banco público, com parte da arrecadação destinada a pagar o percentual extra espetado na dívida pública pelo Proes, o programa do governo federal que representou a venda de quase todos os bancos estaduais públicos, com exceção do Banrisul e mais quatro, nos Estados de Espírito Santo, Sergipe, Pará e Distrito Federal.
– Nos últimos dois ou três anos, o banco teve lucro suficiente para bancar esse pagamento, mas foi a sociedade gaúcha que o manteve público na maior parte do tempo das últimas duas décadas.
Bohn observou que a posição da Fecomércio-RS é, até agora, uma exceção entre outras entidades empresariais do Estado. Consultadas, as demais teriam preferido não se posicionar da mesma forma, relatou. Também ressalvou que a posição favorável à privatização ou federalização tem como alvo a melhoria da situação fiscal do Estado, portanto não admite que recursos obtidos no processo sejam consumidos com despesas correntes, como pagamento da folha dos servidores.
– Os gaúchos veem o banco como seu. Querem acender um disjuntor, não tem luz, não faz mal, a CEEE é nossa. O Estado está quebrado mas não faz mal, porque o Banrisul é nosso. Queremos quebrar um paradigma, queremos dar coragem ao governo para enfrentar essa situação. É um preciosismo nosso.