A afirmação da secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, de que o Rio Grande do Sul só poderia aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RFF) se aceitasse privatizar o Banrisul não fez o governador eleito, Eduardo Leite, mudar de posição sobre a venda do banco.
– Estive com a equipe da Secretaria do Tesouro Nacional em Brasília recentemente e esta exigência não foi apresentada. Continuo confiando na solução para adesão ao RRF sem a venda do banco – disse à coluna.
Leite ainda está na Inglaterra, onde faz um curso de gestão até o final desta semana. Recentemente, o governador eleito manifestou contrariedade com a decisão do governo do Estado de executar a redução de capital do Banrisul, que "encolhe" a instituição em R$ 353,3 milhões. Leite afirma que a preocupação com a diminuição de tamanho do banco não tem relação com projeções de valor da companhia para uma eventual venda.
– Entendemos que o melhor para o Estado era manter a possibilidade de fazer a abertura de capital do Banrisul Cartões sem fazer esse pagamento em dinheiro aos acionistas pelo valor patrimonial agora – detalhou.
A redução de capital estava atrelada à oferta de abertura de capital da Banrisul Cartões (Banricompras). A expectativa era de vender as ações dessa empresa, que seria separada do restante do banco e teria capital aberto, e remunerar o governo do Estado, principal acionista, com o equivalente dessa fatia obtido na venda das ações. A expectativa de retorno era bilionária. Como o mercado de capitais não teve o desempenho esperado, com muita volatilidade, o Piratini optou por cancelar a venda das ações, mas não aceitou rever a forma ou o prazo, como gostaria Leite.
As regras da redução de capital determinam que todos os acionistas sejam tratados da mesma forma, ou seja, em um momento em que falta dinheiro para despesas essenciais, como folha de pagamento e repasses a hospitais, o Banrisul vai distribuir recursos. A decisão tem outras duas consequências: reduz o valor total da instituição para o futuro e liquida parte das ações pelo valor patrimonial, sem qualquer vantagem. As ações do Banrisul no mercado estão diluídas, mas dois dos principais acionistas são o Skagen Fund, da Noruega, que detém 4,98% dos papéis, e a Kapitalo Investimentos, com 2,53%. Vão ganhar um belo – e inesperado – presente de Natal.