Responsável por levar a energia elétrica das usinas até as distribuidoras, o setor de transmissão tem previsão de investimentos pesados no país para os próximos anos. No leilão da semana passada, foram arrematados 16 lotes de obras que vão demandar aportes de R$ 13,2 bilhões, uma pequena parcela do que vem pela frente. Pelas projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), são R$ 108 bilhões esperados no atual plano decenal, até 2027. O Estado segue no radar. Ainda em 2019, pode ser licitado um novo projeto na Serra. Há ainda estudos em andamento para Grande Porto Alegre, região de Lajeado e nordeste gaúcho.
Do total de R$ 13,2 bilhões, R$ 5,3 bilhões se referem a cinco lotes no Rio Grande do Sul, resultado do fatiamento do famoso Lote A, licitado originalmente em 2014 e que já deveria estar concluído, mas não saiu por falta de recursos da Eletrosul, que arrematou as linhas na época, e depois por desastradas tentativas de repassar o projeto a outros investidores. Entre todas as grandes obras na área no Brasil, era a que mais preocupava no momento, confirma Mario Miranda, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia (Abrate).
— Era o grande gargalo, o que merecia os maiores cuidados — ressalta Miranda.
Outros pontos de dificuldades enfrentados pelo setor nos últimos anos foram contornados, como os problemas ambientais que atrasavam empreendimentos que faziam a ligação com parques eólicos do Nordeste, assim como o linhão de Belo Monte, que parou em 2015 por problemas financeiros da espanhola Abengoa, mas acabou entrando em operação no final de 2017, após a chinesa State Grid entrar na parada.
Miranda sustenta que, agora, com maior segurança jurídica, a transmissão voltou a ser atrativa para os investidores. Com a Medida Provisória 579, de 2012, que antecipou o fim de concessões mais antigas, as empesas do setor perderam cerca de 70% do faturamento, à época. O resultado, por exemplo, foi a saída de cena das grandes estatais dos leilões, descapitalizadas, como o caso da própria Eletrosul. Agora, diz o executivo, a competição voltou forte aos certames. Mas o estrago feito à época abriu espaço para um grande número de empresas estrangeiras.