No Atlas Solar que a Secretaria de Minas e Energia apresenta no próximo dia 11, há uma característica promissora: as áreas de maior irradiação no Estado estão na Metade Sul e na Fronteira, áreas que mais precisam de projetos de desenvolvimento. A intensidade da luz solar para aproveitamento energético é medida em watts (potência de energia) por metro quadrado.
– É interessante porque os maiores índices ocorrem exatamente onde está a maior necessidade de investimentos. Mostra o potencial de geração de riqueza na região – observa a secretária Susana Kakuta.
Embora no Brasil a Região Nordeste e o norte de Minas Gerais sejam os locais mais procurados para investimentos em fazendas solares, o Rio Grande do Sul quer buscar seu lugar sob a luz nesse mercado. É esse o papel do atlas: ser uma espécie de guia aos empreendedores sobre os melhores locais do Estado para distribuir painéis fotovoltaicos. Era uma dívida antiga do governo estadual, quitada antes do final do mandato.
– O primeiro dado que chama atenção é o fato de que o Estado tem, na média, quase o dobro de irradiação do que a Alemanha, por exemplo, que usa intensivamente a fonte solar – observa Susana.
Outro aspecto que chama a atenção no Atlas Solar é o fato de que, com a utilização de apenas 2% da área não urbana do Estado, considerada apta para instalação de projetos fotovoltaicos, é possível instalar uma potência de 23 gigawatts (GW) de energia fotovoltaica e produzir, anualmente, cerca de 34 terawatts hora (TWh) de eletricidade. Isso equivale à média do consumo gaúcho de energia elétrica registrada nos últimos sete anos, incluindo as perdas do sistema.
– Isso demonstra a alta potencialidade para esse negócio no Estado. A geração distribuída de energia solar (modalidade em que o consumidor, seja empresa ou pessoa, investe na geração para consumo próprio e pode ofertar o excedente para a rede pública, com desconto na sua conta) oferece a chance de ter produtores locais importantes sem o custo dos investimentos em infraestrutura – afirma Susana.
Na avaliação da secretária, a hipótese em estudo pelo novo governo federal, de permitir que o investidor em geração distribuída receba pelo excedente colocado na rede, em vez de apenas se ressarcir com o desconto na conta, “é uma tendência”.
Com o Atlas Solar, o Rio Grande do Sul quita uma dívida. A coluna, que há muito tempo vê perda de tempo do país na geração fotovoltaica, espera que permita compensar o atraso.